O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que não compartilha da visão do mercado de que a taxa de juros deve subir no Brasil. “Os prognósticos vêm daqueles que tirarão proveito (da elevação da Selic), que é o mercado financeiro”, afirmou em Davos, na Suíça. “O Copom (Comitê de Política Monetária) só elevaria os juros se houvesse necessidade, com violação das metas de inflação”, disse. “Não percebo rugas de preocupação na testa do (presidente do BC, Henrique) Meirelles. Ele parece tranquilo.”
Mantega avalia que o crescimento econômico brasileiro é sustentável, sem riscos de problemas de inflação, que deve ficar perto da meta em 2010. Conforme o ministro, o nível de consumo neste ano é menor do que o registrado em 2008, quando realmente havia o perigo de aceleração dos preços.
O ministro disse ainda que o acompanhamento do Ministério da Fazenda não mostra pressão de preços por questões de demanda, somente elevações causadas por fatores sazonais. Além disso, o crescimento econômico deve ser puxado neste ano pelos investimentos, que devem avançar entre 15% e 20% em 2010. Para o ministro, existem estimativas otimistas demais para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, entre 6% e 6,5%. Mantega vê um crescimento menor, entre 5% e 5,5%.
A perspectiva dos economistas do mercado é a de que a Selic deve começar a ser elevada em abril. O último comunicado do Copom, divulgado na quarta-feira, retirou as frases que diziam que a taxa era condizente com um cenário benigno de inflação e que apontava a ociosidade na produção. Mantega disse que não leu as alterações como uma indicação de que a taxa básica de juros da economia subirá.