O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o fato de inflação ter se aproximado do piso da meta do Banco Central (BC) é positivo, porque isso quebra a inércia inflacionária e dá margem para a autoridade monetária cortar a taxa de juros. “E é o que o BC está fazendo, temos hoje a taxa de juros real mais baixa da história, o que é um estímulo econômico e monetário para crescer”, disse.

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Meirelles afirmou também que o Brasil saiu da maior recessão da sua história e vai começar a crescer. “Uma recessão da dimensão que passamos deixa consequências que demandam certo tempo para serem dissipadas. O Brasil está criando emprego. No entanto, desemprego ainda é muito elevado”, afirmou.

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As declarações foram dadas em São Paulo, durante almoço promovido pelo Lide, grupo de líderes empresariais criado pelo prefeito da capital paulista João Doria, que também estava presente. O ministro foi convidado para dar palestra sobre a situação da economia brasileira.

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Reforma trabalhista

Meirelles fez uma defesa às reformas econômicas empreendidas pelo governo federal. Segundo ele, as mudanças vão ter como resultado a redução do custo do crédito. Além disso, afirmou que a reforma trabalhista, mais especificamente, é necessária para fortalecer a negociação coletiva.

“A legislação trabalhista do Brasil não foi feita para o mundo de hoje”, disse.

Ele defendeu também a chamada PEC do Teto, aprovada no início da gestão de Michel Temer. O ministro argumentou que desde a Constituição de 1988 o Estado brasileiro tem crescido mais que a economia e que, agora, com a PEC do Teto, as despesas da União, em vez de subirem para 25% do PIB, vão cair para 15%. “Experiência internacional mostra que setor privado é mais produtivo que setor público”, afirmou.

Reforma da Previdência

O ministro voltou a admitir que é muito difícil a aprovação da reforma da Previdência no ano que vem, pelo fato de ser ano eleitoral, e reiterou que, por isso, o governo tem de aproveitar os últimos 40 dias úteis de 2017 para que o projeto passe no Congresso Nacional. “É o momento ideal”, disse.

O ministro defendeu que a reforma seja aprovada no plenário da Câmara com o mesmo texto aprovado pela comissão especial da Casa. Segundo ele, se isso ocorrer, serão mantidos 75% dos benefícios fiscais da proposta original. “Tem chance de ser aprovado no plenário da Câmara? Isso é outra discussão”, acrescentou Meirelles.

Apesar de ter reconhecido as dificuldades no Congresso, o ministro disse que, na sua visão, a aprovação da reforma é de interesse de todas as forças políticas do Brasil. Segundo o ministro, mesmo quem é publicamente contra a reforma quer que a proposta seja aprovada, para que o déficit previdenciário não se torne um problema para o próximo presidente.

“Se reforma não for aprovada, será primeiro desafio do próximo presidente”, disse. “Eu estava conversando com um grande líder da oposição e disse a ele: apesar do seu discurso, você, de noite, reza para que a Previdência seja aprovada”, brincou o ministro.

Ele afirmou também que os gastos do governo com a Previdência podem chegar a 80% do total, caso a reforma proposta pela equipe econômica não seja aprovada pelo Congresso Nacional. “Não sobra dinheiro para nada”, argumentou o ministro.

Meirelles disse ainda que o excesso de gastos públicos pode quebrar um País. No entanto, disse que o crescimento das despesas discricionárias nos últimos anos já foi revertido, ao citar a aprovação da chamada PEC do Teto, que limita o crescimento dos gastos públicos à inflação do ano anterior.

Além disso, Meirelles recebeu o pedido de empresários presentes no evento para “esquecer o projeto de reoneração da folha”, porque a indústria já se adaptou a esta realidade. O ministro afirmou que o governo tem recebido diversas reivindicações, de empresários que querem menos tributação, de pessoas que querem aposentadoria mais cedo, de parte da população que quer manter benefícios sociais. “Tudo isso é legítimo, mas temos que ter equilíbrio na sociedade”, disse ele.