Dois dias após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir manter a taxa básica de juros da economia (Selic) em 8,75% ao ano, o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, fez um discurso com forte ênfase na importância da estabilidade macroeconômica. Por meio de videoconferência durante a 2ª Conferência Internacional de Crédito Imobiliário, promovida pelo BC, Meirelles disse hoje que a estabilidade é algo que “existe para ficar no Brasil”.
“Durante décadas, o maior problema microeconômico era o risco macroeconômico. No momento que se tem imprevisibilidade, fica difícil tomar decisões de crédito, investimento, estoques. Este é um problema para o qual o Brasil já encontrou caminho. Resta consolidar esse caminho, consolidar a estabilidade e a previsibilidade como valores da sociedade”, disse Meirelles.
Segundo ele, no Brasil muitas vezes as pessoas subestimaram os ganhos da estabilidade e superestimaram seus custos. “É muito importante que o valor da estabilidade seja um valor da sociedade brasileira”, afirmou. Possivelmente vivendo seus últimos dias à frente do BC, Meirelles disse ainda acreditar que há muito pouco espaço para “aventuras macroeconômicas”.
De acordo com o presidente do BC, a combinação de estabilidade econômica com segurança nas contas externas e melhoria no lado fiscal, além da solidez do sistema financeiro brasileiro, foi decisiva para que o Brasil fosse um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair. “Quando se sai mais rapidamente da crise, se tem condições de ganhar espaço no mundo. E é isso que está acontecendo, com maior oferta de recursos para o Brasil”, disse Meirelles.