Meirelles é elogiado pelo Wall Street Journal

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está entre um dos mais duros banqueiros centrais no combate contra a inflação no mundo, diz o diário nova-iorquino Wall Street Journal, na edição deste final de semana. “O Brasil não está esperando e não vai esperar outros banqueiros centrais agirem para decidir lutar contra às pressões inflacionárias”, afirmou o banqueiro ao jornal. Na última semana, Meirelles cumpriu agenda nos Estados Unidos, onde fez palestra para investidores em Nova York, participou de um evento sobre economia mundial em Aspen e do simpósio anual organizado pelo Fed de Kansas City, em Jackson Hole, cujo tema foi “Mantendo a estabilidade em um sistema financeiro em transição”.

No caderno de finanças, a matéria do WSJ aponta que o BC brasileiro tem atuado mais agressivamente do que muitos dos bancos centrais no mundo contra a inflação, subindo o juro para 13%, mesmo com a desaceleração da economia global. O Journal acrescenta que se espera nova elevação da Selic em setembro. No debate sobre quão agressivamente os bancos centrais precisam agir, o WSJ cita que Meirelles e diversos economistas “argumentam que os bancos centrais deixaram a economia ficar excessivamente aquecida durante os últimos anos de crescimento e criaram pressões de preços que serão difíceis de erradicar”.

Ao WSJ, Meirelles disse que “cada país precisa fazer sua própria decisão (quanto ao juro). Nós podemos ver claramente que quanto mais bancos centrais agirem decisivamente para controlar a inflação mais fácil o trabalho fica para todos”. Mas o diário relata que outros BCs, particularmente na Ásia, não têm sido tão duros, esperando que a recente desaceleração nos preços de commodities ajudará a resolver o problema de inflação para eles. “De longe, no mundo, o banco central que tem ficado à frente da curva é o Brasil”, disse ao Journal Michael Gomez, um dos gestores da PIMCO para mercados emergentes, que administra US$ 80 bilhões no portfolio para estes países.

O WSJ narra que Meirelles, desde que assumiu o BC em janeiro de 2003, tem ajudado a guiar o ‘boom’ econômico brasileiro no qual o juros e a inflação caíram para “baixas históricas”, consolidando o lugar dele como uma pessoa de forte influência que tem a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Journal, Meirelles disse que Lula garantiu ao banco “independência total” na tomada de decisão e tem mantido a promessa.

O diário nova-iorquino reitera a afirmação de Meirelles de que a meta é trazer a inflação em 2009 de volta para 4,5% e diz que o presidente do BC “não vê muito espaço para leniência. Quando há desequilíbrio entre oferta e demanda, ele diz que será corrigido com uma das duas formas: preços maiores ou juros maiores”, completou o WSJ. “A grande vantagem de usar o juro é que você tem alguém no banco do motorista. Quando a inflação está tomando conta, ninguém está dirigindo”, disse Meirelles.

Passado

Ao citar que Meirelles foi presidente do BankBoston, o Journal relata que o banqueiro central vai a fundo na questão como já fez com uma série de elevações do juro em 2005 que reduziram o crescimento da economia. “Meirelles agora é presidente do Banco Central, e o passado inflacionário do País é uma grande razão pela qual ele ocupa posição de um dos mais duros combatentes no mundo contra a inflação”, menciona o WSJ, diante da lembrança de Meirelles sobre um trato que tinha com sua empregada doméstica, durante um dos momentos de salto da inflação no passado do País. Segundo o WSJ, no dia do pagamento ela não precisava trabalhar, podia correr para gastar o salário do mês antes que ficasse sem valor.

Na América Latina, apesar de exceções como Venezuela e Argentina os outros países têm ficado atentos ao fato e têm apertado a política monetária desde o início de julho, cita o WSJ. “Se Meirelles e outros na região agora são conservadores em relação à inflação é pelo fato de que não muito tempo atrás a região estava perdendo a batalha. Entre 1980 e 1994, a inflação ficou, em média, bem acima 100% por ano no Brasil, atingindo o pico de mais de 2.000% no início da década de 1990”, completa o jornal.

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