O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira, 13, “ter certeza” que a austeridade fiscal que deve ser proposta pela nova equipe econômica vai ajudar o trabalho do Banco Central de fazer a inflação convergir para o centro da meta. “Tenho certeza de que o quadro fiscal vai ajudar o BC nesse trabalho de convergência para a meta”, disse Meirelles na sua primeira entrevista coletiva. “Vamos ter uma estabilização da inflação no Brasil”, completou.
O comentário foi feito quando Meirelles foi questionado sobre a atuação do Banco Central sob o comando do presidente Alexandre Tombini na condução da política monetária. “Em virtude de eu mesmo ter sido presidente do BC, como ex-presidente, tenho adotado o princípio de não comentar gestões de sucessores”, afirmou, ressaltando que tem pouco tempo que presidia a instituição.
Meirelles ficou à frente do BC no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), entre 2003 e 2010. Assim que assumiu, a presidente afastada Dilma Rousseff escolheu o funcionário de carreira do BC, Alexandre Tombini, para comandar a instituição. No início da coletiva, Meirelles comentou que estava reconhecendo alguns jornalistas e que voltava a dar entrevistas onde já esteve, mas em outra função.
Com a insistência de questões sobre o nome do novo presidente do BC e até quando Tombini permanece no cargo, Meirelles não descartou a possibilidade de mantê-lo. “Não vou dizer quem é e quem não é e se não é o presidente Tombini”, afirmou.
Contas públicas
O novo ministro da Fazenda afirmou ter pressa para conhecer as contas do País. “Eu sou o primeiro que estou muito interessado em saber, estou muito preocupado com isso, mas não posso dar estimativa de quanto tempo vai levar porque depende da análise e avaliação”, disse.
Em uma clara crítica ao governo anterior, Meirelles avaliou que a equipe econômica não pode divulgar um número e ficar reavaliando suas estimativas. “Não podemos e vamos tentar evitar números que depois tenhamos que dizer ‘não, desculpe, mas não é esse número, não'”, disse.
A intenção do novo dirigente da Fazenda é trabalhar intensamente. “Mas quando divulgar os resultados, ter segurança sobre eles”, avaliou.
O ministro ressaltou ainda que, sobre as previsões macroeconômicas, é complexo ter previsão, principalmente quando existe nível de incerteza sobre a trajetória das contas. Mas foi otimista e disse ter convicção de que, “quando começa o novo governo, há reversão de expectativa”. “Quando medidas são tomadas, medidas fortes, para gerar confiança, quando entrarmos na segunda fase desse processo, com anúncio de medidas, seja através da simplificação tributária, área trabalhista, concessões e infraestrutura, existe trabalho vasto a ser feito além de um reequilíbrio macroeconômico”, frisou.
Protestos
Após se comprometer a tomar todas as medidas necessárias para reequilibrar as contas públicas e não descartar a adoção de novos tributos temporários, Meirelles, disse não temer que o ajuste proposto pelo governo culmine em protestos e manifestações que possam minar a capacidade de aprovação dessas ações pelo Congresso Nacional. Segundo ele, não é possível agradar todo mundo, mas as manifestações fazem parte da democracia.
“Certamente o debate (sobre as medidas) será bastante intenso e algumas pessoas que se sintam prejudicadas vão protestar”, disse Meirelles. “Mas não há nenhum tipo de preocupação com protestos. As manifestações são livres, mas há que permanecer o interesse da sociedade ao fim do processo”, disse Meirelles.