O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, evitou comentar o cenário de praticamente consenso do mercado de que a taxa básica de juros deve cair um ponto porcentual na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), apurado após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Meirelles disse que iria comentar apenas a taxa básica de juros estrutural, da economia, “aquela taxa de equilíbrio, que permite ao País crescer de forma equilibrada e que não é nem contracionista, nem expansionista”.
Segundo ele, a taxa estrutural tende a cair com o equilíbrio das contas públicas, “com o País bem administrado e com as reformas aprovadas”. Já a Selic tem, segundo Meirelles, a administração feita pelo Banco Central e não caberia a ele comentar. “A taxa de juros de curto prazo é feita pelo Banco Central e não é o que estamos comentando”, concluiu ele logo ao participar da audiência pública sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma da Previdência, na Câmara dos Deputados.
Desonerações
Após participar da audiência pública da PEC da Reforma da Previdência, Meirelles teve um breve encontro, ainda na Câmara dos Deputados, com o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso. Meirelles ouviu o pedido para que a desoneração da folha de pagamento do setor fosse mantida. Ontem, ele anunciou que 50 setores foram reonerados pelo governo, entre eles o de bens de capital.
“Não temos nenhuma decisão, só ouvimos qual é o problema”, resumiu Meirelles após o encontro. Velloso afirmou que o fim da desoneração tira ainda mais a competitividade da indústria, que vinha sendo retomada após a valorização do dólar. “Historicamente as exportações respondiam por 33% do faturamento do setor e, em 2016, foi 44%, principalmente pela queda do mercado interno”, disse. “Em um processo de exportação, uma máquina demora de seis meses a ano para ser fabricada até ser embarcada. Eu vendi o equipamento com uma planilha de custo diferente e essa reoneração vai pesar”, completou Velloso.
Outro pedido feito pelo executivo a Meirelles foi a possibilidade de os competidores externos serem beneficiados pela mudança no marco regulatório do setor de óleo e gás. “Ele (Meirelles) só ouviu”, concluiu o presidente executivo da Abimaq.