Ainda sem informar o tamanho real do rombo das contas governamentais este ano, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ameaçou nesta quarta-feira, 18, fazer mais e maiores cortes nos gastos federais caso o governo não consiga aprovar uma reforma da Previdência que valha também para os trabalhadores ainda na ativa.

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Foi a primeira vez que uma autoridade do governo falou claramente em alterar direitos já em vigor. Não fazer isso, na avaliação do ministro, seria uma “má solução” para a Previdência e não ajudaria a solucionar os problemas fiscais que estão no centro da crise brasileira.

Com as reformas desejadas pela nova equipe aprovadas, Meirelles disse apostar que a economia possa voltar a crescer já nos próximos trimestres. “Se o regime de Previdência for alterado apenas para quem não entrou ainda no mercado de trabalho, ótimo, muito bom. Por outro lado, isso só vai fazer efeito num prazo muito longo. Para a dívida pública é uma má solução”, argumentou, em entrevista a um grupo de jornalistas.

“Se não for isso, temos que discutir quais outras despesas públicas terão de ser cortadas nos próximos anos. Queremos garantir a aposentadoria dos trabalhadores e a solvência do Tesouro Nacional”, completou.

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Ainda assim, Meirelles evitou classificar como “inegociáveis” pontos da proposta em estudo pelo governo e que deve ser apresentada em até 30 dias. Mas reforçou que a colocação de uma idade mínima para a aposentadoria – defendida por ele desde o dia em que assumiu o cargo – é um dos fatores que têm “mais peso” na modelagem que está sendo desenhada.

Consciente da resistência que a reforma terá em diversos segmentos – mesmo com a ampla base de apoio do governo no Congresso Nacional – o ministro tem claro que a comunicação da proposta terá de ser bem feita.

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“As pessoas dizem que um mês (para apresentar a proposta) é muito tempo, mas uma reforma da Previdência feita em uma semana seria uma coisa mal feita, que não seria aprovada nem iria funcionar. Trata-se de um trabalho técnico, mas ao mesmo tempo político e social. A sociedade tem que ser convencida do que é preciso fazer”, acrescentou.