Foto: Arquivo/O Estado |
Henrique Meirelles: cedo ou tarde as ações serão reconhecidas. |
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que o Brasil está no caminho certo para conseguir o grau de investimento das agências de rating (avaliação de risco) internacionais. Ele disse que aprendeu, ao longo dos anos, a não fazer previsões sobre o movimento das agências de rating, concentrando-se em fazer o ?dever de casa? e esperar que isso reflita nos ratings no momento adequado. ?Tenho certeza de que isso, cedo ou tarde, será devidamente reconhecido.?
Ele reafirmou, entretanto, a convicção de que o País está na direção correta. Meirelles disse que é importante eliminar ou reduzir bastante a vulnerabilidade externa e chamou a atenção para outras mudanças estruturais internas, que demandam mais tempo e são mais lentas, mas estão em andamento. ?O desafio da sociedade brasileira é continuar nesse caminho. E é importante que tenhamos cada vez mais condições de explicar à sociedade que estamos no caminho certo e quais são os ganhos desse direcionamento.?
Entre os ganhos obtidos, Meirelles citou o crescimento da renda média do trabalhador brasileiro pelo décimo mês consecutivo, o crescimento consistente da massa salarial e a criação de mais de 1,3 milhão de empregos por ano. ?Tudo isso é resultado desse movimento de estabilização da economia brasileira?, disse o presidente do Banco Central.
Segundo ele, o movimento de redução do risco das empresas brasileiras pode ser considerado normal. Meirelles ressaltou que, ao contrário do que ocorria anteriormente, quando o rating de uma empresa brasileira privada era limitado pelo rating soberano do País, hoje o movimento ganhou outra dimensão. Ele lembrou que, para as agências internacionais, anteriormente, na maior parte dos países, principalmente os emergentes, qualquer crise de crédito soberano levava a crises estruturais, muitas vezes de balanço de pagamentos, e isso tinha efeito direto na empresa, mesma se ela apresentasse condições sólidas.
?Eu acho, portanto, que o movimento de algumas empresas já começarem a ter um rating melhor do que o rating soberano tem um significado profundo e muito importante, que não está sendo devidamente percebido: são as agências de rating começando a dizer que a macroeconomia brasileira está atingindo um determinado nível em que o risco de um problema fiscal do setor público contaminar o setor privado é muito baixo.? De acordo com Meirelles, isso significa que é possível que ?a agência dê à empresa um rating inclusive melhor que o do país?.
O presidente do Banco Central fez as declarações ao participar de seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).