O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que um país quebra quando falta moeda externa. Este, porém, não é o caso brasileiro no momento, que alcançou nível extraordinário de reservas internacionais e cujas contas externas estão “bastante sólidas” e deixaram de ser um problema, disse, durante palestra nesta terça-feira, 8.
“Prefiro enfrentar uma crise com um pouco de caixa do que a zero, sem reservas”, disse na palestra, aproveitando para relembrar momentos em que ele estava no comando do Banco Central e a situação nas contas externas era bastante diferente da atual. Hoje, lembrou o ministro, o País tem US$ 380 bilhões de reservas.
Na época em que estava no BC, Meirelles lembrou que o déficit da conta de transações correntes batia em 6% do Produto Interno Bruto (PIB). No final de 2016, estava em 1,3% e seguiu caindo em 2017. Além disso, o Investimento Direto no País (IDP) vem crescendo e, com o déficit de conta corrente encolhendo, há um fluxo positivo de dólares para o País. A economia fica equilibrada quando o déficit em transações correntes é menor ou igual ao IDP, destacou ele, citando também a melhora das exportações.
Meirelles também falou da recuperação da atividade econômica em sua palestra. Vários setores da economia estão mostrando “clara recuperação”, observou Meirelles, citando, entre eles, o de vestuário, o têxtil e de fabricação de produtos de informática. Em comum, estão o fato de esses segmentos terem atingindo um piso com a recessão de 2015 e 2016 e agora engatam “recuperação forte e constante”.
“Emplacamentos de veículos também vêm se recuperando”, disse Meirelles ao falar da indústria automobilística, plateia principal do evento em que o ministro discursa nesta terça-feira, organizado pela Fenabrave, a entidade que representa as concessionárias. O ministro ressaltou ainda que a produção e venda de automóveis estão reagindo.
O ministro iniciou seu discurso falando dos efeitos da crise política na economia e ressaltou que os juros de longo prazo estão caindo, depois de piora aguda. Ele ressaltou que a piora destas taxas longas em maio, em meio à turbulência deflagrada pela delação da JBS, acabou se mostrando curta.
Ainda na palestra, o titular da Fazenda destacou a queda do endividamento das empresas, após registrar forte expansão até 2016. “O crescimento está ocorrendo enquanto empresas pagam suas dívidas.”