economia

Meirelles deixa aberta possibilidade de Cemig fazer oferta por usinas

Depois de insistir na importância do leilão das usinas da Cemig, o governo cedeu à pressão de parlamentares e deixou aberta a possibilidade de negociar um acordo com a estatal mineira para que ela continue como dona das quatro hidrelétricas. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje que o leilão está mantido, mas admitiu que a empresa tem o direito de oferecer uma proposta “mais vantajosa” para avaliação da área econômica.

Integrantes do governo brasileiro se reuniram ontem com investidores para sinalizar a manutenção do certame, o que despertou a ira da bancada mineira, sobretudo do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que se reuniu nesta terça-feira, 15, com o presidente Michel Temer para tentar chegar a um acordo. Não só Aécio, mas o PSDB como um todo, têm sido fiadores do governo em meio à grave crise política.

Diante da sinalização do governo aos investidores, os parlamentares de Minas Gerais intensificaram as investidas contra a área econômica na tentativa de conseguir arrancar algum acordo. O senador tucano chegou a dizer que eventual acerto para que a Cemig permanecesse com as usinas “afetaria pouco” a meta fiscal deste ano.

Com a resistência do governo em atender ao pleito da bancada mineira, o senador tucano deixou o Palácio do Planalto atacando a mudança nas metas fiscais de 2017 e 2018, para um rombo ainda maior do que o previsto. “Insistimos para que o esforço maior fosse feito na outra ponta, da inibição dos gastos. Mas o governo, na ponta do lápis, aponta para a frustração de receitas. Então, vamos ter a sinalização que não é a mais adequada, mas que, infelizmente, pelo que diz o governo, é a possível”, afirmou.

A intenção do governo não é fechar um acordo com a Cemig para prorrogar a concessão das usinas, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Mas a declaração de Meirelles durante a coletiva abriu a tão esperada “brecha” que a bancada do Estado quer. “Parlamentares ainda buscam acordo da União com a Cemig, mas não se pode ignorar decisão da Justiça que determinou a devolução ao governo federal”, ponderou o ministro.

Nos últimos dias, parlamentares mineiros intensificaram os apelos para que as quatro usinas não sejam vendidas e permaneçam com a Cemig. O vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), esteve no Ministério do Planejamento e chegou a propor que a estatal mineira pagasse os R$ 11 bilhões esperados pelo governo com a nova concessão. Na ocasião, a área econômica avaliou a proposta como extremamente arriscada e de difícil realização.

O governo tem mantido a expectativa de arrecadar R$ 11 bilhões ainda este ano com o leilão das quatro usinas – Jaguara, São Simão, Miranda e Volta Grande -, apesar do alerta do Tribunal de Contas da União (TCU) para o risco elevado de essas receitas serem frustradas. O perigo cresceu com a opção da Cemig de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter o leilão. A corte vai proferir uma decisão em 22 de agosto, a pouco mais de um mês da realização do certame.

Mais concessões. Mesmo com as incertezas em relação à concretização das receitas com concessões em 2017 e com o alerta do TCU da elevada dependência dessa arrecadação para fechar as contas, a área econômica vai recorrer ao mesmo expediente para cumprir a meta fiscal de 2018, que será de déficit de R$ 159 bilhões. A previsão de arrecadação com esses leilões foi ampliada de R$ 6,5 bilhões para R$ 20 bilhões no ano que vem.

Dessa nova estimativa, R$ 7,5 bilhões adicionais virão com concessões no setor de energia principalmente, e outros R$ 6 bilhões com o leilão de aeroportos. “Pretendemos e temos o dever de buscar as fontes de receita a que a União tem direito”, justificou Meirelles.

O ministro da Fazenda não detalhou quais ativos serão leiloados, mas disse que o valor é factível e realista. “Existe uma série suficiente de alternativas que nos permite ter segurança de que teremos resultado das concessões previsto”, disse.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo