O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que a comunicação da instituição com a sociedade no que se refere à política monetária é feita por meio de dois documentos básicos: as atas das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e os relatórios de inflação.

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“Esses documentos possuem a dimensão e a extensão necessária e suficiente para conter todas as informações necessárias para se compreender o diagnóstico do BC, bem como os critérios e lógica de suas decisões”, afirmou, em discurso durante a posse do novo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Carlos Hamilton Araújo.

Meirelles mandou um recado à sociedade para que não sejam tomadas como verdades as interpretações feitas pelo mercado ou pela imprensa. “Nesse contexto, é importante que a sociedade procure analisar os documentos, bem como pronunciamentos de autoridades monetárias, pelo que está escrito ou dito, e não pela interpretação de agentes ou jornalistas”, afirmou.

Ele também defendeu que, em ambientes democráticos, as autoridades devem “fazer pronunciamentos regulares de forma a prestar contas de suas ações”. No discurso, o presidente do BC afirmou ainda que “enganam-se aqueles que esperam mudanças na conduta do BC em função do calendário cívico”. “Nossa dedicação aos objetivos do BC é inequívoca e permanente”, completou.

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Decisões técnicas

O presidente do BC disse ainda que a instituição não evita medidas que são tecnicamente justificadas, mas que possam ser entendidas de forma negativa pela sociedade.

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“Atuar de forma consistente significa não evitar decisões tecnicamente justificadas que, no curto prazo, possam parecer antipáticas ou impopulares, mas que visam, sim, o bem comum”, afirmou.

Meirelles não detalhou qual eventual medida poderia ser impopular, mas afirmou, neste trecho do discurso, que a instituição precisa fazer o necessário “na medida e na hora adequada para, por um lado, manter a estabilidade do sistema financeiro nacional e, por outro, assegurar a convergência da inflação à trajetória das metas”.

Entre os analistas do mercado financeiro existe a discussão sobre a necessidade de elevação dos juros em um ambiente de aceleração da inflação e em meio às consequências do aumento das alíquotas do depósito compulsório, anunciado nesta semana pelo BC.