O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu que uma possível mudança na caderneta de poupança, por causa das constantes quedas nas taxas de juros Selic, deve ser um “problema a enfrentar”. Com a continuidade do movimento de queda da taxa básica de juros, atualmente em 11,25% ao ano, a poupança, cujo rendimento é previsto em lei, pode apresentar uma rentabilidade maior e tende a se tornar mais atraente que outras aplicações.

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“Todos os credores querem que a taxa de juros seja a mais baixa possível, enquanto os investidores desejam que seja a maior, é uma situação difícil”, admitiu Meirelles, durante o Fórum Empresarial de Comandatuba. “A sociedade é quem tem de tomar a decisão, por meio do Congresso.”

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) garantiu, porém, que o Congresso vai ter tempo para discutir e equacionar a questão. “Será tudo feito com muita transparência, muito debate, acredito que até o fim do ano essa questão se resolve”, diz. “O que tem de ficar claro é que nunca mais teremos nenhum golpe na poupança, neste governo sobretudo. Aqueles que têm dinheiro na poupança podem ficar tranquilos que nada será feito contra eles.”

Outro ponto que causou mal-estar entre os representantes da administração pública no primeiro dia do seminário, que abordou o tema sustentabilidade econômica, foi a reforma tributária – uma das principais reivindicações dos 320 empresários presentes. “Do nosso ponto de vista, é importante que ela venha”, fez coro Meirelles. “Quanto mais rápida melhor, desde que seja eficaz.”

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O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), porém, tirou as esperanças dos presentes. “Não acredito na reforma tributária”, disparou. “Estou no Congresso há 25 anos e temos discutido isso mandato a mandato desde que entrei. Minha proposta é a gente aguardar a eleição de 2010 e montar todas as reformas, tendo em vista 2014. Porque quanto um entra, sempre deixa a questão para o próximo”. O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), por outro lado, tentou manter um pouco de esperança na plateia. “Tão logo a pauta seja destravada (em referência à fila de medidas provisórias), vamos voltar ao tema.”, disse.