O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, aproveitou a solenidade de posse do diretor de estudos especiais, Eduardo Loyo, ontem, para justificar melhor a chamada “política gradualista” do BC em relação às taxas de juros. Por declarações sobre o “gradualismo”, o mercado entendeu na semana passada que o Copom optaria por uma redução conservadora na taxa de juros, o que não aconteceu. Na opinião de alguns analistas, o discurso sinalizando um corte modesto na taxa serviu apenas para “despistar” a real decisão que o Copom estaria prestes a tomar.
Segundo Meirelles, “gradualismo” não deve ser confundido com rigidez ou falta de flexibilidade.
Meirelles afirmou que ser gradual é promover a “convergência” para uma taxa de juros de equilíbrio de longo prazo em uma seqüência de movimentos de intensidade que não é constante e com a decisão dosada a cada momento de acordo com os dados disponíveis.
“Ser gradual não é repetir necessariamente a cada reunião de forma constante decisões tomadas em reuniões anteriores”, disse Meirelles.
“Muitos acusam o Banco Central de ter um comportamento assimétrico, de agir de forma muito diferenciada ao enfrentar um choque e ao promover a volta a um ambiente de normalidade macroeconômica. Nada mais equivocado”, disse Meirelles.
O presidente do BC ressaltou ainda que a resposta a um choque que se abate sobre a economia deve ser forte. E a reversão de uma medida como a elevação rápida dos juros deve ser relativamente mais lenta. Ele explicou essa necessidade do gradualismo com a afirmação de que o impacto dos choques se distribui de forma assimétrica ao longo do tempo.
“A reversão tende e a ser mais gradativa por que nem sempre se alcança sucesso total em evitar que as expectativas de inflação se consolidem num patamar mais elevado”, disse.
Segundo Meirelles, a política monetária deve ser perseverante na persuasão dos agentes econômicos para que as projeções inflacionárias sejam cada vez mais baixas para o futuro.
O presidente ressaltou a importância do regime de metas de inflação que tem permitido, segundo ele, ao País enfrentar com sucesso os choques de oferta e de expectativas com a flexibilidade necessária.