Produtores rurais do Paraná estão se preparando para o megaprotesto, marcado para a próxima terça-feira, dia 16. De acordo com a Federação da Agricultura no Estado do Paraná (Faep), haverá pelo menos 74 pontos de concentração no dia em todo o Estado. A mobilização, que atinge ainda outros estados agrícolas como o Mato Grosso e Goiás, tem como objetivo pressionar o governo federal a intervir na crise da agricultura. Os produtores estão amargando prejuízos com o dólar desvalorizado e pedem o alongamento do pagamento de dívidas. No Paraná, a mobilização da categoria completa hoje uma semana.
?Várias cidades vão se unir, fechar rodovias. E haverá adesão dos caminhoneiros, da indústria, do comércio. Todos estão solidários à causa?, afirmou o assessor da Faep, Carlos Augusto Albuquerque. Ele conta que nunca viu uma mobilização do tamanho que promete ser a do dia 16. ?Pretendemos chegar a 90 pontos de concentração?, revelou. Segundo ele, também não houve crise tão devastadora na agricultura como a atual. ?É a pior crise que conheço. Maior até que a da década de 90, que teve que ser resolvida com a securitização. E naquela época, o câmbio também estava desfavorável?, afirmou. ?O governo não quer reconhecer, mas a culpa desta crise toda é diretamente dele.?
O setor reclama sobretudo do dólar desvalorizado e da postura do governo federal em, simplesmente, deixar o dólar flutuar. ?O problema é que ele (governo) não ataca o câmbio. Estamos com um sério ataque especulativo, com os juros elevados atraindo cada vez mais investimentos estrangeiros. Isso está matando o produtor rural, é uma política suicida?, desabafou.
Além da questão cambial, a cadeia produtiva pede o alongamento do pagamento das dívidas, para 20 a 25 anos. ?Estamos acumulando quatro safras de prejuízos. O governo ainda não se deu conta da natureza desta crise.?
Força policial
Ontem de manhã, homens da Polícia Militar retiraram as máquinas agrícolas da linha férrea de Sarandi, em atendimento à liminar de reintegração de posse obtida pela América Latina Logística (ALL). Os produtores, porém, ameaçavam recolocar os tratores sobre os trilhos ainda ontem.
Segundo a assessoria de imprensa da ALL, o protesto prosseguia, até o início da tarde, em outros três pontos da ferrovia: em Marialva, em Ibiporã e em Arapongas, onde a ocupação ocorreu na sexta-feira à noite. A assessoria não soube informar se as demais reintegrações ocorreriam ainda ontem. A empresa estima um prejuízo de R$ 1 milhão ao dia com os bloqueios.
Já nas rodovias estaduais, o bloqueio continua. Segundo a Polícia Rodoviária Estadual, em Maringá seguem bloqueadas a PR-554, em São Jorge do Ivaí; a PR-323 em Umuarama, Jussara e Doutor Camargo; PR-376, em Nova Esperança e Atalaia; PR-322, em Doutor Camargo; PR-317, em Floresta; PR-468, entre Umuarama e Mariluz; PR-463, acesso a Itaguagé, e ainda na BR-369, região de Apucarana.
Ontem de manhã, o quilômetro 63 da PR-457, em São Pedro do Ivaí, também ficou bloqueado das 9h às 10h30, segundo informações da PRE. Segundo o policial rodoviário José Luiz, a mobilização maior está sendo aguardada mesmo para terça-feira. ?A Polícia Rodoviária vai fazer o acompanhamento de perto para não haver tumulto?, comentou. Segundo ele, veículos de passeio e ambulâncias estão sendo liberados para passar pelo bloqueio. Na região de Cianorte, houve a tentativa de impedir a passagem desses veículos também, mas se sustentou.
Além dos protestos nas rodovias, várias cooperativas das regiões Norte e Noroeste foram fechadas. Na última quinta-feira, a mobilização ganhou força com o apoio da Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar).
