Medo da inflação levou Copom a aumentar juros

São Paulo  – A alta da inflação levou os integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) a decidir, por unanimidade, elevar em 1 ponto percentual a meta para a taxa Selic para 22% ao ano, sem adoção de viés. De acordo com a ata da reunião realizada em 19 e 20 de novembro, divulgada ontem pelo BC, “diante do aumento das expectativas de inflação para 2003, do risco de repasse maior da recente depreciação cambial aos preços e do fato de a projeção de inflação encontrar-se acima da meta ajustada ” , os membros do Copom – a diretoria do Banco Central e seu presidente -optaram por essa alta.

A ata elevou também a projeção de reajuste de energia elétrica para 2003 de 25% para 27%. No entanto, o Copom está esperando agora uma redução de 1,5% no preço da gasolina no próximo ano, contra estimativa anterior de aumento de 9%.

De acordo com o documento, há uma perspectiva melhor de reajuste do botijão de gás, cujo preço deve subir 6% em 2003 e não mais os 16,6% previstos.

Para o BC, o que está influenciando a inflação é a taxa de câmbio. “A taxa de inflação mostrou significativa elevação em outubro, repercutindo principalmente a evolução da taxa de câmbio. O IPCA elevou-se 1,31%, acumulando 6,98% no ano e 8,45% em 12 meses”, diz o documento.

Segundo a ata, a desvalorização do real atingiu sobretudo as cotações internacionais de algumas commoditties agrícolas e industriais. As maiores pressões foram registradas nos preços de bovinos, pão francês, frango, óleo de soja e arroz. Entre os produtos não alimentícios, os reajustes ocorreram principalmente nos eletroeletrônicos, vestuário, cigarro, móveis e higiene pessoal.

Mas também os preços monitorados não ficaram de fora da pressão inflacionária e subiram, especialmente álcool, gasolina, passagens aéreas, planos de saúde e ônibus urbano no Rio de Janeiro.

O BC está trabalhando com a meta ajustada – aquela que mira a taxa de inflação para o próximo ano – em torno de 6%. A meta oficial para o IPCA é de 4%, podendo chegar até a 6,5%. Até setembro, a meta ajustada do BC era de 5%. Apesar do aumento da meta ajustada, a ata do Copom deixa claro que a projeção de inflação está acima de 6%, mas não dá um número.

“A depreciação cambial dos últimos meses deve continuar exercendo forte pressão sobre os preços. Esse fato, associado a um impacto dos aumentos verificados em preços como combustíveis e energia elétrica (no Rio de Janeiro) deverá impulsionar novamente as taxas dos índices de preços ao consumidor em novembro, havendo perspectiva de recuo apenas a partir do mês seguinte”, conclui a ata do Copom.

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