Uma ligação de fatores, a partir de suposta intervenção do Banco Central no mercado cambial combinada com a venda de moeda por algumas empresas exportadoras e bancos, fizeram o dólar interromper uma sequência de seis altas e fechar, ontem, em queda pela primeira vez desde o último dia 17.
Negociada a R$ 3,622 para venda e R$ 3,618 para compra, a moeda norte-americana encerrou o dia em queda de 0,22% após operar com intensa volatilidade – a mínima do dia ficou em R$ 3,622 e a máxima, em R$ 3,691 – devido ao baixíssimo volume de negócios. No mesmo passo, o risco Brasil também virou e, no final da tarde, caía 0,07%, para 1.425 pontos. Além disso, ao contrário do que indica o fechamento em baixa, o dia foi de bastante nervosismo. A inversão do fluxo só se deu quando, segundo operadores, o BC entrou no mercado vendendo dólares por duas ocasiões – no fim da manhã e no fim da tarde. A autoridade monetária só confirma as intervenções após o fechamento do mercado.
Também a venda por parte de exportadoras, como a Aracruz e a Volkswagen, ajudou a equilibrar o mercado, onde a liquidez em dólares vem secando. As empresas, assim como alguns bancos, aproveitaram o pico de alta nesta segunda-feira – maior desde 13 de dezembro – para desovar parte do estoque da moeda em caixa.
Ainda assim, as acirradas tensões entre EUA e Iraque, cuja guerra pode se estender em uma crise dos preços do petróleo com graves consequências para a economia mundial, continuam a ofertar combustível para o nervosismo.
O relatório dos inspetores de armas da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre o Iraque não acrescentou fervor à discussão já instalada, oferecendo ora justificativas para a dilatação do prazo para o desarmamento do Iraque, como prefere a ONU, ora argumentos em favor da intervenção militar imediata, como querem os EUA.
O fato é que a possibilidade de uma guerra com desdobramentos econômicos tira grande parte dos investidores do mercado. A postura de cautela assumida pelos investidores inclui tanto a debandada de investidores estrangeiros nos países emergentes, como o Brasil, como a compra de dólares pelos locais.
A avaliação do mercado é que quanto mais a guerra demorar para começar, maior será o prejuízo para os mercados. Isso porque uma vez instaurado o conflito, ficaria mais fácil traçar suas consequências e lidar com elas. Sem o fato concreto, entretanto, o mercado costuma se precaver para o pior dos cenários.