O especialista em contas públicas Raul Velloso afirmou em evento na capital gaúcha que, no processo de ajuste fiscal conduzido neste momento pelo governo do presidente em exercício, Michel Temer, uma medida de curto prazo seria “totalmente irrelevante”, uma vez que o governo “já pagou o preço” de ter anunciado uma previsão de déficit fiscal de R$ 170 bilhões para 2016.
“O curto prazo é muito rígido. No caso da União, ela já optou por financiar. Quando anunciou o déficit de R$ 170 bilhões, ela pagou o preço, o ônus, no que se refere ao público, à mídia, de ter dito ‘eu vou fazer um déficit de R$ 170 bilhões’. Para que vão baixar (este déficit)? Se conseguir baixar com alguma ‘medidazinha’ é lucro”, disse.
Velloso minimizou a avaliação de que a ausência de medidas de curto prazo pode colocar em risco a percepção, para o mercado financeiro, de que o ajuste fiscal não é consistente. Segundo ele, o que está em jogo agora é principalmente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita os gastos públicos.
“A ideia é que com isso em alguns anos o déficit de 170 bilhões de reais vira zero, e em mais alguns anos ele vira superávit. É isso que os credores estão querendo ouvir. Se eles têm uma informação de que em “x anos” zera e mais “y anos” vira 3% (de superávit), eles vão dizer que não tem problema, porque a dívida subiu, mas vai parar de subir”, explicou. “O que fica faltando é ver se este projeto que estão preparando de fato é aprovado e se ele faz este serviço de fazer o gasto crescer zero em termos reais.”