Matérias brutas devem pressionar menos o IPA, avalia FGV

O efeito da especulação sobre a safra da soja e da volatilidade do câmbio é claro na análise dos itens de matérias primas brutas e de bens intermediários, apurados dentro do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPA), apurado para composição do Índice de Preços – Mercado (IGP-M). Mas, com a estabilização do câmbio, a perspectiva é de que esse efeito seja menor. “Matérias Primas Brutas e Bens Intermediários devem desacelerar, espelhando variações mais tímidas da taxa de câmbio”, mencionou o economista do Ibre/FGV, André Braz.

Em setembro, o IPA registrou taxa de variação de 2,11%, contra alta de 0,14% em agosto. Todos os estágios da produção aceleraram: Matérias Primas Brutas (de -0,74% para 4,21%), Bens Intermediários (de 0,80% para 2,20%) e Bens Finais (de 0,21% para 0,28%).

A soja, por exemplo, saiu de queda de 3,77% para alta de 10,78% entre agosto e setembro. O trigo acumula alta de 52,05% em 12 meses e é o principal potencial de repasse para o IPC, segundo o economista do Ibre/FGV, André Braz. Ele menciona também o milho, que saiu de queda de 6,93% em agosto para alta de 1,31% em setembro e tem impacto no custo das rações. A alta nos grãos tem também efeito nas carnes, assim como a sazonalidade de final de ano. As carnes suínas saíram de 5,06% de alta para 13,37%, com taxa em 12 meses de 15,13%.

Entre os bens intermediários, o economista destaca a alta de farelo de soja (de -0,85% em agosto para +13,27% em setembro) e em tubos e canos de plástico (alta acumulada de 18,42% em 12 meses) e vergalhões (taxa de 10,59% em 12 meses). “Onde vemos taxa em 12 meses muito superior à média do índice, há uma tendência de repasse”, disse Braz. Ele explica que a variação dos dois últimos itens tem “alta correlação com a questão do câmbio”.

O grupo Bens Finais, por sua vez, deve acelerar, segundo Braz, mostrando uma queda menor de alimentos in natura. “Não se espera que o feijão, por exemplo, caia novamente 19% em outubro.” Entre os Bens Finais, os alimentos in natura no IPA acentuaram a queda de 1,75% de agosto para 5,61% em setembro, pelas “safras melhores e devolução do começo do ano”, explica Braz. O tomate, tido como o vilão da inflação no início do ano, já acumula queda de 59,25% em 12 meses.

“Vamos ver taxas de variação menores em matérias primas brutas e bens intermediários e maiores em bens finais. O IPC vai receber o efeito agora mais letárgico”, completou Braz, sobre o repasse ao varejo. A previsão do economista é de que a taxa de variação do IPA caia pela metade no próximo mês – de 2,11% para algo ao redor de 1%.

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