Escalado quase que diariamente para fazer a defesa da reforma da Previdência, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, afirmou que a reunião desta terça-feira, 30, na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com líderes da Câmara e do Senado, faz parte de uma “nova estratégia” do governo para conseguir os 308 votos necessários para a aprovação.
Sem detalhar o que de fato essa nova estratégia trataria, Marun afirmou que nesta terça-feira o governo “começa de forma mais organizada a reta final”.
Marun disse não ter conhecimento do pedido do presidente Michel Temer ao deputado Rogério Rosso (PSD-DF), mas admitiu que a proposta pode sofrer novas alterações desde que agregue votos. “Não queremos conversa que não leve a lugar nenhum, conversas que não tragam votos”, reforçou.
A pedido do presidente Temer, Rosso costura proposta alternativa para os servidores públicos na reforma da Previdência. Ele foi incumbido de negociar com representantes do funcionalismo público uma proposta para a transição de aposentadoria para quem entrou no serviço público antes de 2003. Esse é um ponto de impasse da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência.
A proposta que será levada ao plenário da Câmara cobra que esses servidores cumpram as idades mínimas de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para manter a integralidade (direito de se aposentar com o último salário) e a paridade (reajustes iguais aos funcionários da ativa). Rosso ficou responsável por abrandar essa regra.
O deputado, que tem reduto eleitoral nas categorias de servidores, foi um dos principais críticos da propaganda do governo para vender a reforma da Previdência, que teve como mote o fim dos privilégios dos servidores. Para ele, a propaganda foi “infeliz” ao tentar “demonizar os servidores”, o que acabou prejudicando a votação.
Segundo Marun, se o deputado Rosso trouxer propostas que não interfira nos princípios da reforma, o governo pode escutá-las. Ao ser questionado se então ainda há espaço para ceder no texto, Marun disse que não é questão de ceder e sim de dialogar.
O ministro citou ainda a pesquisa Ibope que a Presidência contratou que mostra uma melhor aceitação da reforma. “Nossa estratégia está sendo exitosa”, declarou, em tom otimista, sem falar em votos.
Economia
Marun, que recebeu nesta tarde o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, e também o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disse que os dois apresentaram sugestões de ao menos sete projetos de lei de interesse econômico. Ao ser indagado sobre os temas, Marun não soube precisar, citou a questão do cadastro positivo, e afirmou que explicou a Ilan e também a Dyogo que, em fevereiro, a prioridade é a reforma da Previdência e só depois disso esses PLs poderiam avançar. “Ambos compreenderam”, declarou.