Atualmente, dizer que determinada pessoa é marqueteira pode ter um tom de depreciação. Isso porque, como afirma o coordenador de MBA em Gestão e Marketing, da Fundação Getúlio Vargas, Luiz Carlos Sá, investir em marketing pessoal requer cuidado. Pode ajudar muito, mas também, por descuido e exagero, atrapalhar. Muito além do ?oba-oba?, o professor lembra que marketing é algo sério e científico. ?Não se faz do dia para a noite. Deve ser desenvolvido, com dedicação?, indica.
?Se analisar que você representa uma marca, fica mais fácil entender como tirar proveito do marketing pessoal. Não adianta querer desenvolver um bom marketing pessoal, se você não tem condições básicas para isso, ou seja, características que o torne admirável. Isso em qualquer ramo de atuação. Seja profissional liberal, artista, engenheiro. Todo mundo?, afirma Sá.
Em Maringá, norte do Paraná, há um bom exemplo para o tema. Jesus Aparecido Montelo, de 50 anos, também conhecido como ?China?, trabalhava como pintor de automóveis, quando ficou desempregado. Passando necessidades, ele viu no lixão da cidade uma fonte de renda paliativa. Foram dez anos trabalhando em condições precárias. Até que, em 2001, através de uma oportunidade municipal, ele partiu para materiais recicláveis. Com outras oito pessoas, montou uma associação de catadores e, conseguindo unir vinte trabalhadores com o mesmo interesse, eles montaram a Co-operativa dos Catadores de Reciclagem de Maringá (Cocarema). Esse encontro com a economia solidária o fez investir em si mesmo e em conhecimento. Hoje até ministra palestras, cativando as pessoas na região.
?A gente consegue através do nosso trabalho. Em contato com a universidade conseguimos bastante livros de administração e estamos estudando para atuar melhor no mercado. Nas minhas palestras eu trabalho o lado social. Após essa minha vivência no lixão, já fui até preso, comecei a estudar o cooperativismo e tive acesso a alguns livros sobre relações humanas. Foi a partir daí, juntando todas as experiências, que desenvolvi o meu estilo, de ser sincero e falar de coração, de verdade, com as pessoas. Só falo o que faço, por isso sinto que as pessoas acreditam?, revela ?China?.
Dicas
Passar uma mensagem que seja pautada na realidade e desenvolver habilidades que a maioria das pessoas não têm, são dois fatores que contribuem para o desenvolvimento de um bom marketing pessoal. ?A primeira dica é fazer um diagnóstico da própria marca. Analisar o que você tenha feito que lhe permite ser admirado e reconhecido. Nada que seja forçado. Depois é preciso ter boa auto-estima; ter confiança; ter conhecimento e desenvolver um círculo de relacionamento bom, ou seja, ser conhecido. Acima de tudo é preciso desenvolver uma marca que tenha credibilidade e coerência. Enfim, para ter uma boa imagem é preciso ser um bom produto?, orienta Sá.