A melhor propaganda, dizem os próprios publicitários, é a não propaganda. Dentro desse raciocínio, Lion, de Garth Davis, que recebeu seis indicações ao Oscar de 2017, incluindo para melhor filme, pode ser considerado uma ótima ferramenta de marketing para o Google.
Baseado em uma história real, Lion conta a quase inacreditável saga de Saroo Brierley, que, entre 2006 e 2010, empreendeu uma busca por sua família, que vive em um pequeno vilarejo no interior da Índia. Detalhe: ele havia visto os pais e os irmãos pela última vez em 1986.
A separação se deu por acaso. Aos cinco anos, Saroo havia adormecido dentro de um trem de passageiros em uma estação próxima à sua cidade natal. O trem, no entanto, partiu em uma viagem até Calcutá, a 1,6 mil quilômetros de distância. Perdido da família, viveu nas ruas e em orfanatos até ser adotado por um casal australiano (a mãe adotiva de Saroo é interpretada por Nicole Kidman, que concorre ao Oscar na categoria melhor atriz coadjuvante).
É claro que a “propaganda” para o Google – e em especial para o Google Earth, serviço de fotos de satélite do buscador – só se tornou tão relevante porque Lion “emplacou” na corrida pelo Oscar. Segundo Alexandre Germano, diretor de parcerias estratégicas do Google para a América Latina, a empresa não teve participação relevante ou sociedade na produção.
Extensão. O envolvimento do buscador com Lion, segundo o executivo, resumiu-se a auxílio técnico para tornar a ação mais autêntica. No filme, a logomarca do Google que aparece em várias cenas em que o personagem principal, vivido por Dev Patel (de Quem Quer ser um Milionário), que também concorre ao Oscar, está diante do computador é a do fim da década passada, e não a atual.
Embora o Google não tenha a intenção de usar a produção como uma peça de marketing, Germano afirma esperar que o filme, a ser lançado no Brasil em 16 de fevereiro, possa ampliar o uso da ferramenta ao redor do mundo.
Segundo a revista americana Variety, uma indicação ao Oscar de melhor filme costuma ampliar bastante a bilheteria de produções de custo relativamente baixo, como é o caso de Lion. Com orçamento de US$ 12 milhões, o longa havia arrecadado US$ 17,1 milhões no país, apesar de estar sendo exibido em apenas 575 salas. O estúdio Weinstein Company pretendia ampliar sua grande aposta para o Oscar para cerca de 1,8 mil cinemas na última sexta-feira.
Segundo Germano, o Google Earth é “coirmão” do serviço de mapas e é usado tanto por pesquisadores quanto por usuários curiosos sobre diferentes partes do mundo. No Brasil, o buscador tem ajudado a tribo Suruí, na Amazônia, a monitorar atividades de desmatamento em suas terras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.