A facilidade de comunicação proporcionada pela internet, quando bem explorada, pode ser importante aliada para aumentar as vendas de micro e pequenos negócios que operam no mundo físico e virtual. Conquistar essa façanha, almejada por todos, pode ser mais fácil com o uso do marketing digital.

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Especialista em marketing e professor da ESPM, Gabriel Rossi destaca que o marketing digital pode ajudar a manter a empresa bem posicionada nos sites de busca. “Isso é importante, porque quando o consumidor vai para esses sites está com mentalidade transacional, ele quer efetuar uma compra, fazer algum tipo de negócio.”

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Segundo ele, um bom trabalho nos sites de busca inclui a produção de conteúdo relevante. “Estar bem posicionado já é um ponto de partida para aumentar as vendas. Trabalhar com search engine optimization (SEO) também ajuda o site a ficar mais amigável para os motores de busca”, explica.

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Rossi diz que marcar presença nas mídias sociais é relevante porque pessoas influenciam outras pessoas. “Vale lembrar, que muita gente acredita que o marketing termina na venda, sendo muito pelo contrário. As redes sociais oferecem ótimas oportunidades para dar continuidade ao relacionamento com o cliente, receber feedback ou obter testemunhos. Criar uma comunidade de pós-venda pode ajudar muito.”

O mercado oferece muitas possibilidades para os pequenos empreendedores explorarem esse universo com custo compatível. “Há ferramentas que permitem desde a criação de páginas de captura (peça com conteúdo interessante para atrair visitantes à página ou site), até a gestão de leads (pessoas que entram na página e deixam e-mail para contato). Também é possível mensurar resultados e alterar a tática, quando necessário”, afirma o diretor executivo da Leadlovers – Automação em Marketing Digital, Diego Carmona.

Segundo ele, a produção de conteúdo é uma das principais estratégias para explorar o potencial de comunicação da internet. O formato pode ser vídeo, blog, e-book etc. “Com um bom conteúdo é possível atrair constantemente novas oportunidades de vendas”, afirma.

Carmona diz que ao utilizar essas plataformas, o empreendedor passa a enxergar comentários e tendências dos potenciais clientes. “Ele consegue entender quais são as suas principais dúvidas e objeções em relação ao negócio, proporcionando oportunidades para criar novos produtos ou melhorar pontos cegos da empresa.”

Exemplo. Formada em marketing, pós-graduada em gestão empresarial e coach de finanças e negócios, Luciana Fiaux era gerente de marketing quando, há dois anos, começou a planejar a transição de carreira. “Passei a trabalhar como coach de finanças durante o tempo livre.”

Por já atuar na área de marketing, teve facilidade de mergulhar no universo do marketing digital e identificar estratégias e ferramentas que passou a utilizar. “O resultado me surpreendeu. Percebi que com o alcance obtido poderia pular a fase de autônoma e deixei o mercado corporativo para abrir a minha própria empresa”, conta.

Luciana formalizou a Realize no ano passado e passou a gravar treinamentos, além de produzir conteúdos para o blog Domine suas Finanças, criado por ela.

A empresária diz que o empreendedor precisa ter muito claro qual é o seu objetivo ao usar as ferramentas de marketing, pois terá de mensurar se está atingindo os objetivos idealizados.

“A pessoa tem de saber se quer só captar clientes, apenas divulgar a marca ou se posicionar. Muitas trocam de estratégia e de ferramenta por acharem que descobriram outra melhor, deixando de ter estratégia clara e demonstrando não saber aonde querem chegar.”

Luciana gosta de usar ferramentas que além de e-mail marketing ofereçam outras funcionalidades. “A plataforma que utilizo me permite hospedar os cursos online e também criar páginas de divulgação.”

A Realize já formou três turmas, cada uma com mais de 50 alunos. “Esse número me surpreendeu. Não imaginava que isso ocorreria em menos de um ano. Encerrei 2016 com faturamento superior a seis dígitos.”

Dono da LR Insight Treinamentos, Luciano Rezende ensina seus clientes a usarem a internet para aumentar as vendas. Segundo ele, o grande diferencial não está no valor investido no marketing digital, mas em saber explorar o poder da internet. Como fazer isso? Criando, por exemplo, boas ofertas para gerar tráfego qualificado na página.”

Ele diz que algumas estratégias de marketing ensinadas hoje são duráveis, outras, deixam de ter efeito em três semanas. “O ser humano é evolutivo e adaptativo. Os gatilhos mentais que outrora funcionavam bem, já não funcionam para o mesmo público. É preciso mudar o texto, a cor, realizar testes frequentes etc. As mudanças têm de ser constantes, assim como o acompanhamento de métricas e dos resultados.”

Jornalista e sexóloga, a fundadora do blog Mundo da Intimidade, Aline Castelo Branco é empreendedora digital desde 2015. “Trabalhei em vários canais de TV, mas resolvi trocar de carreira. Hoje, realizo cursos online e presenciais, além de eventos na área da educação sexual para jovens e adultos.”

Ela atrai clientes oferecendo conteúdo gratuito. “E para quem compra meus cursos dou bônus e brindes. Tenho grupo no WhatsApp e me comunico diariamente com o público. Isso dá um resultado fantástico de fidelização. Também faço testes na tentativa de atrair mais clientes. Às vezes funciona, outras não. No marketing digital é preciso testar para ver o que dá certo”, diz.

Professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), Claudio Felisoni de Angelo lembra que os impactos da recessão sempre são mais pesados nas empresas mais frágeis, ou seja, as de menor porte.

“Nesse cenário, o marketing digital é boa estratégia por permitir que os pequenos empresários tenham, de forma mais rápida, maior proximidade e interação com o consumidor final.”

Segundo ele, a primeira coisa a ser feita no que diz respeito ao direcionamento do esforço de marketing e planejamento de oferta é classificar os consumidores e os produtos por ordem de importância, levando em conta os volumes comercializados e as margens proporcionadas por eles.

“Essa é a famosa curva ABC. Fazer essa curva é simples, basta classificar quais são os principais produtos que comercializa, para quais consumidores são vendidos e quais são as margens que eles proporcionam.”

Felisoni diz que em períodos de crise, todos querem atrair mais clientes e vender mais. “Mas é preciso saber como fazer isso. Não é realizando promoção a qualquer preço. As promoções têm um custo e o lojista abre mão de margem. Depois, tem dificuldades para repor os estoques”, observa.

“Também é preciso olhar quais são os produtos que são carregadores de fluxos. Muitas vezes, determinado produto é um veículo para a compra de outros. Compras casadas aumentam o valor do tíquete médio. Então, é importante identificar os produtos que têm conexão uns com os outros.”

O professor acrescenta que o pequeno varejista tem mais condições de fidelizar o cliente por conta da proximidade que mantém com o consumidor. “Dessa forma, pode identificar quais são as suas necessidades e procurar atendê-las, tornando a recorrência mais frequente.”

Segundo ele, outro ponto a ser observado é o comprometimento dos funcionários. “Pesquisas mostram que as perdas no varejo por roubo, extravio etc, nas principais empresas é de 1,8% a 2. Nas médias e pequenas pode chegar até a 6%. Isso consome toda a margem e mais um pouco, é um absurdo”, alerta.