Economia

Maquiagem de preço é o risco da Black Friday

Foto: Antônio More.

Os órgãos de defesa do consumidor vêm alertando que, este ano, a atenção às promoções na Black Friday, a megaliquidação marcada para amanhã, deve ser redobrada. A avaliação é que, com a dificuldade de vendas enfrentada pelos varejistas, houve uma avalanche de promoções que começaram já no mês passado, o que torna mais frágeis as referências de preço dos produtos e abre mais espaço para maquiagem.

Na terça-feira, o site ReclameAqui já detectou alguns produtos que tiveram uma majoração de preços significativa antes da liquidação. O preço de um fogão de seis bocas, por exemplo, subiu R$ 444 em um dia. Na Black Friday do ano passado, essa prática de maquiagem de preço, que consiste em aumentar para depois dar desconto, representou 30% das queixas recebidas pela Fundação Procon de São Paulo, diz a supervisora de Atendimento, Márcia Christina Oliveira.

Esse índice de maquiagem de preço foi muito alto no começo, quando a megaliquidação chegou a ser apelidada de “Black Fraude”. A prática da maquiagem de preço veio perdendo força ano a ano, mas agora, na sétima edição do evento, pode voltar a crescer, alerta Márcia.

Essa opinião é compartilhada pela economista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ione Amorim. “A maquiagem de preço ainda é uma preocupação”, ressalta. A publicidade enganosa de produtos que, na prática, não estão em promoção é, na avaliação da economista, o principal cuidado a ser tomado.

Márcia aponta a crise atual da economia brasileira como um dos fatores que podem incentivar essa prática de maquiagem de preço. “Os lojistas querem tirar o atraso nas vendas e podem iludir o consumidor.”

Outro fator que embaralha o cenário e pode abrir espaço para maquiagem de preço é o fato de as campanhas sob a chancela Black Friday terem começado mais cedo. “Ao longo deste mês, já vimos várias campanhas anunciando preço que já são menores do que os da Black Friday e outras dizendo que já estavam com preços de Black Friday antes da data”, diz a supervisora do Procon-SP. Ela acredita que as campanhas antecipadas podem confundir o consumidor.

Saídas. A principal saída para evitar esse problema, segundo os órgãos de defesa do consumidor, é mesmo pesquisar preços. A recomendação ao consumidor é que ele próprio faça a sua pesquisa nas lojas físicas, nos sites das lojas virtuais ou em sites especializados em busca de preços (ler quadro abaixo).

Desde setembro, uma equipe de fiscais do Procon-SP já monitora uma lista de produtos, entre eletroeletrônicos, celulares e eletrodomésticos, nos sites das lojas virtuais dos principais varejistas para detectar falsas promoções. Hoje e amanhã, os fiscais do órgão vão percorrer lojas de rua, shoppings, supermercados e hipermercados para detectar as fraudes.

A Proteste, associação de consumidores, está acompanhando os preços de cerca de 100 produtos entre eletrodomésticos, eletrônicos e smartphones. Amanhã, dia da megaliquidação, vai coletar os preços desses itens a partir das 7 horas da manhã e publicar as principais ofertas desses produtos em seu site e na sua página do Facebook.

Além do risco da maquiagem de preço, Márcia, do Procon-SP, alerta para o problemas de sites falsos. Ela recomenda que o consumidor nunca entre no site da loja por meio do link enviado por e-mail da promoção. “Existem muitas empresas fraudulentas”, diz.

A recomendação é verificar se a loja está na lista de não recomendadas no site do Procon-SP e se tem o selo de boa reputação dado pela Câmara de Comércio Eletrônico e pelo site ReclameAqui.

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