Com bastante ironia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reagiu nesta quinta-feira às duras críticas do senador Alvaro Dias (PSDB-PR) às previsões para o crescimento da economia. Mantega disse que a sua “bola de cristal” pode ter defeito, mas costuma funcionar. De acordo com Mantega, todos os prognósticos dos analistas econômicos “caíram por terra” em 2012 por conta da crise internacional.

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Ele disse ainda que não é “pecado mortal” não acertar previsões quando a atividade da economia está conturbada. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Dias atacou o governo afirmando que eram “desonestos” os prognósticos de Mantega para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e que a sua “bola de cristal estava quebrada”. O ministro da Fazenda desafiou-o a apresentar um único analista que tenha acertado a previsão de crescimento econômico brasileiro em 2012. “Diga quem acertou. Eu vou dar o Prêmio Nobel”, ironizou Mantega, questionando qual havia sido a previsão de Dias. O senador do PSDB do Paraná, então, o interrompeu e respondeu que a missão dele como parlamentar era dizer quem não acertou. Pouco antes, rindo, Mantega disse que estava com receio de fazer as previsões na frente do senador, que o acusara de cair no limbo da desonestidade.

Mantega acrescentou que a previsão de crescimento do PIB em 2013 é de um crescimento maior e ressaltou que as previsões mais pessimistas apontam uma alta de 3%. “Acredito que é possível continuar a trajetória”, disse. O ministro disse que os analistas conseguem fazer previsões em clima de normalidade e, mesmo assim, “ninguém acerta 100%. Mas, quando há crise, ponderou, os mercados ficam muito instáveis e ninguém consegue fazer previsões corretas da economia.

Mantega fez questão de enumerar os acertos das suas previsões desde que assumiu o comando do Ministério da Fazenda, em março de 2006. “Em 2006, há sete anos, fiz uma previsão de 4%. Só eu fiz essa previsão. E o crescimento foi cravado e isso pode ser recuperado nos anais dos jornalistas”, disse. Em 2007, Mantega disse que, em 2008, fez uma previsão de 5,5%, antes da crise internacional, e a alta foi de 5,3%. “Previsão muito acertada e ganhei muitas apostas naquela época.” Mantega ponderou ainda que, em 2011, com pressão inflacionária – fruto do choque de commodities, o governo teve que tomar medidas para estimular a economia. E, em 2012, afirmou que não se esperava um agravamento da crise europeia. “Pegou todo mundo de calça curta”, disse.

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Mantega aproveitou para citar que, em 2011, todos os analistas da pesquisa Focus do Banco Central previam um alta de 4,5%. “Ele caíram no limbo da desonestidade que o senador mencionou?”. Mantega foi além e acrescentou que, em 2012, todos os analistas – “inclusive esse que aqui vos fala” – erraram as previsões. Mantega disse que não é analista, mas que tem fazer previsões para calibrar as ações do governo. “Se não está respondendo, temos que fazer mais ações”, disse. “Se o senhor trouxer alguém que tenha acertado, eu dou o prêmio Nobel”, disse Mantega. O ministro disse que errar não é uma característica brasileira. “Previsões feitas no Reino Unido, Alemanha, todas foram fora de esquadro. Todos revisando mês a mês. Não é pecado mortal não acertar previsão quando economia está conturbada. Tentar viabilizar uma previsão mais positiva também é previsão do governo, é para que todos ajudem a buscá-la”, disse Mantega na sua defesa.