O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pediu a cooperação de empresários de todos os setores da economia para “recompor devagar as margens de lucros” em meio a conjuntura favorável de expansão da economia nacional. Ele citou, inclusive, que não seria adequado que dirigentes de companhias tentassem aproveitar o bom momento do nível de atividade para retomar patamares mais elevados de rentabilidade registrados antes da deterioração da crise financeira internacional no final de 2008. Para Mantega, esta medida evitaria pressão maior sobre a inflação, o que requereria aumento maior dos juros.

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No encerramento do Congresso Brasileiro do Aço, que contava com a presença de empresários do setor, Mantega anotou novamente que o governo dispõe de mecanismos que não somente o aumento de juros para conter altas expressivas de preços. Segundo ele, uma delas é a “redução das alíquotas de importação”, o que ajudaria a manter a estabilidade dos preços.

Mantega ressaltou que esse foi um recado dirigido a todos os segmentos produtivos do País e não só aos empresários do setor de aço. Porém, ele destacou que já ouviu manifestações segundo as quais um incremento no preço internacional do minério de ferro iria encarecer o custo do aço, o que afetaria toda a cadeia produtiva dado que o aço é um componente essencial para diversos setores industriais. Segundo ele, tais aumentos seriam precipitados, pois nem mesmo a alta do preço do minério de ferro já foi consignada entre exportadores da commodity e as siderúrgicas.

De acordo com Mantega, outro elemento que ajudaria a conter eventuais aumentos de preços, seria a “redução de impostos de certos setores” produtivos. Ele mencionou, por exemplo, que em 2008 para coibir a alta da inflação por causa da elevação dos preços dos combustíveis o governo alterou a forma de cobrança na Cide. O ministro também ressaltou que em algum momento o governo poderá estudar desonerar o setor produtor de energia elétrica pois é um insumo que influencia os custos das empresas. Porém, ele destacou que esta é uma questão que também deveria ser avaliada, sobretudo, pelos Estados, dado que boa parte das tarifas são cobradas pelos governos estaduais.

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Previsões

Mantega afirmou que previsões de crescimento de 7% para o País “são um exagero”. Ele destacou que prefere uma expansão de 5,5% a 6% da economia, pois é mais gradual. “Não somos favoráveis a crescimento voluntarista, mas sim a crescimento sustentável, um crescimento com mais equilíbrio.” Segundo ele, “o Brasil definitivamente retomou o ritmo de expansão anterior à piora da crise internacional no final de 2008 e o Brasil deverá ser um dos países a registrar um dos maiores níveis de crescimento neste ano”.

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Na avaliação de Mantega, é possível que alguns analistas, que estão prevendo um crescimento exagerado de 7%, “querem ver os juros mais altos do que o necessário”. No dia 28, o BC deve iniciar um ciclo de alta da Selic, o que para muitos analistas deverá variar entre 2,5 pontos porcentuais e 3 pontos porcentuais em 2010. Neste caso, a Selic atual de 8,75% ao ano poderia chegar em dezembro entre 11,25% e 11,75% ao ano.

Em palestra para empresários do setor de aço, Mantega ressaltou que os juros no Brasil estão entre os mais altos do mundo e que juros altos causam efeitos colaterais à economia. Um deles é o impacto na dívida publica, pois levou o governo a pagar 5,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em juros da dívida interna. Um outro efeito é a valorização do câmbio. Mas Mantega destacou que as vezes os juros precisam ser elevados para conter um nível de aquecimento excessivo da economia. “O pior dos males é a inflação”, destacou.