O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o setor público consolidado deve fechar o ano de 2011 com o cumprimento integral da meta de superávit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida pública). Ele também anunciou a previsão de que a dívida líquida do setor público feche o ano abaixo de 38% do produto Interno Bruto (PIB) – menor, portanto, que os 41% esperados para 2010. O número fechado do ano passado será divulgado na próxima segunda-feira.
“A dívida caiu e continuará caindo”, disse. “O déficit do Brasil é um dos menores entre os países. É uma situação invejável.” “Em 2011, vamos perseguir a meta cheia. Vamos fazer ajustes de modo que ela seja cumprida”, disse, durante entrevista concedida na portaria do Ministério da Fazenda, em Brasília.
O ministro comentou ainda que o governo quer cortar gastos para facilitar o trabalho de política monetária. “Para que ele (o BC) possa fazer uma política monetária menos rigorosa”. Mantega citou que esse corte pode ser anunciado antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que vai ocorrer em março.
Déficit nominal
O ministro anunciou ainda que o setor público consolidado deve fechar o ano de 2010 com déficit nominal entre 2,4% e 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Se confirmado, o valor será menor que o registrado em 2009, quando o déficit nominal somou valor de 3,34% do PIB. “Portanto, menor que o ano passado”, disse Mantega, em entrevista concedida na portaria do Ministério da Fazenda.
O resultado nominal é obtido após o pagamento dos juros da dívida pública. O déficit nominal, neste caso, indica que a economia para o pagamento dos juros da dívida (superávit primário) não foi suficiente.
Mantega anunciou que a dívida líquida do setor público também caiu em 2010. Em 2009, o indicador fechou em 42,5% do PIB. Em 2010, o ministro da Fazenda prevê que o dado feche em torno de 41% do PIB.
FMI
O ministro convidou a imprensa para entrevista na portaria do ministério para rebater e criticar o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado ontem e que aponta deterioração da situação fiscal do Brasil. Ao comentar a avaliação, Mantega disse que pessoas do FMI escreveram “bobagens sobre o Brasil”.
“Acho que o diretor-gerente do FMI saiu de férias e algum velho ortodoxo do Fundo Monetário deve ter escrito esse relatório com essas bobagens sobre o Brasil”, disse o ministro, ao citar Dominique Strauss-Kahn. Para sustentar a avaliação de que o FMI está errado sobre o tema, Mantega anunciou a evolução de uma série de indicadores brasileiros – como a queda do déficit nominal e da dívida líquida do setor público. O FMI, por exemplo, prevê déficit nominal de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. Já o governo brasileiro trabalha com 1,8% do PIB.
Apesar da iniciativa de convidar a imprensa para falar sobre o assunto, Mantega disse que não vai pedir desculpas formais do FMI sobre o relatório. “Acho que não é um relatório muito importante do FMI”, disse, ao comentar que ligou hoje para Washington para tentar falar com a direção do fundo sobre o documento. “Mas ainda eram 7 horas da manhã e, por isso, não havia ninguém”.