O ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou-se hoje descontente com o nível atual dos juros reais brasileiros, isto é, o juro após o abatimento da expectativa de inflação para os próximos 12 meses. “Alguns estão satisfeitos com esses juros reais de 5%. Eu não estou satisfeito, pois 5% é taxa de aplicação (financeira)”, comentou, em evento realizado hoje pela Globo News.

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Segundo o ministro, esse nível de taxa de juros real contempla basicamente investimentos, mas o custo financeiro para a tomada de empréstimos por empresas e cidadãos está ainda bem alto. “O tomador de crédito paga 28%, 30%, 40%, 50% ao ano. (O juro do) crédito ao consumidor está estupidamente elevado”, afirmou.

O comentário do ministro ocorre algumas semanas depois de o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ter manifestado, em eventos públicos, que a taxa de juros real de 5% é a menor da história recente do País e que muitas pessoas no passado sonhavam com esse nível.

PIB

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O ministro da Fazenda afirmou que a economia brasileira, “certamente”, deve registrar um Produto Interno Bruto (PIB) negativo no primeiro trimestre deste ano em relação ao apurado no quarto trimestre do ano passado. “Sabemos que o PIB no primeiro trimestre deste ano será negativo. Há economistas fora do governo que preveem uma queda de 1%, 2% ou 2,5%, mas eu não vou fazer previsão”, afirmou.

Na avaliação do ministro, contudo, essa será uma notícia do passado, “vista pelo retrovisor”, pois a economia brasileira já está registrando recuperação clara em vários setores, o que foi, segundo ele, propiciado pela ação rápida do governo ao adotar medidas anticíclicas a fim de diminuir os impactos da crise no País. “O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) possui R$ 160 bilhões à disposição para financiar investimentos e capital de giro de empresas.”

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De acordo com o ministro, a economia brasileira continuará em processo de gradual expansão e, em 2010, deve retomar um nível mais avançado de crescimento, quando deve avançar perto de 4%.

Mantega afirmou também que os investimentos do governo este ano devem atingir cerca de 1,2% do PIB, o que é equivalente a um montante pouco superior a R$ 30 bilhões. Segundo ele, esses recursos representam um esforço do governo brasileiro para estimular a demanda agregada em meio à forte crise internacional.

MP

O ministro da Fazenda informou ainda que deve sair ainda nesta segunda-feira uma medida provisória (MP) que cria um Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para beneficiar as pequenas e médias empresas, voltado especialmente para a aquisição de máquinas, equipamentos e caminhões.

O ministro destacou que esse novo FGC se juntará a outras iniciativas semelhantes já implementadas, como o FGC que beneficiou a indústria naval, no valor próximo de R$ 5 bilhões. Segundo Mantega, esses recursos serão importantes para desenvolver com mais rapidez os investimentos da Petrobras, que devem alcançar US$ 66 bilhões este ano. O ministro citou ainda o FGC de R$ 4 bilhões gerido pelo Banco do Brasil, cujos recursos são destinados para pequenas e médias empresas.

O ministro afirmou também que o governo brasileiro deve lançar em breve um novo plano de safra do setor agrícola e será mais forte em matéria de crédito do que o registrado no ano passado.