O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou hoje que pretenda deixar o cargo neste início de ano para cuidar de uma questão pessoal, o tratamento de saúde de sua esposa, em São Paulo. A assessoria de imprensa do Ministério informou que Mantega “não cogitou nem cogita deixar o governo”, em resposta a reportagem da revista Época, que trouxe a informação. “A revista se aproveitou de uma questão estritamente pessoal para fazer ilações.”
Desde o final de 2011, Mantega tem de fato passado mais tempo em São Paulo, onde despacha de um escritório do Ministério. Nos bastidores, já se comentava que a razão disso era a doença da esposa. E circulava, em caráter especulativo, a possibilidade de ele afastar-se por esse motivo.
“Realmente tem a doença, mas não acho que ele vá sair por isso”, comentou um ministro. Mantega é hoje um dos ministros mais próximos de Dilma. Na hipótese de sua saída, ele seria substituído por Nelson Barbosa, atualmente secretário executivo da pasta, também homem de confiança da presidente.
A especulação atingiu seu auge na quarta-feira passada, quando Mantega interrompeu suas férias para vir conversar com a presidente Dilma Rousseff durante almoço. Como Barbosa tinha tido uma audiência pouco antes, houve quem concluísse que se tratava da mudança no comando da Fazenda. O que não se confirmou.
A reportagem da Época fala também que Mantega estaria preocupado com a proximidade de Barbosa com Dilma. O secretário, de fato, tem um acesso privilegiado à presidente, comparado a outros que ocupam o mesmo grau de hierarquia. Tendo atuado como um dos conselheiros econômicos na elaboração do programa de campanha de Dilma, Barbosa esteve cotado para vários cargos durante a transição, inclusive o de ministro da Fazenda.
“Não acho que a ciumeira seja tanta assim”, comentou um colega. Ele observou que Barbosa esteve com Mantega no Ministério do Planejamento, no BNDES e agora ocupa o que seria o cargo de vice-ministro. Nem o próprio Barbosa alimenta expectativa de tornar-se ministro. “É mais fácil o inferno congelar do que eu virar ministro”, disse ele a um amigo.