A agência de classificação de risco de crédito Moody’s está revisando as contas do governo brasileiro e já dá sinais de que elevará a nota brasileira para grau de investimento. A afirmação foi feita hoje pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao chegar para reunião mensal do Conselho Monetário Nacional (CMN). “Provavelmente a decisão será anunciada em setembro”, disse Mantega.
O ministro lembrou que esta é a última das três grandes empresas do setor a conceder a classificação ao Brasil, ainda que seja em primeiro nível de grau de investimento, após a Standard & Poor’s e a Fitch. “Só faltava ela”, afirmou. De acordo com Mantega, a decisão da Moody’s deve vir num momento adequado, após o Brasil ter passado bem pela prova da crise financeira internacional. Uma fonte próxima ao ministro informou que um representante da Moody´s entrou em contato com Mantega para comentar sobre a possível elevação da nota do Brasil.
Sobre as demissões na Receita Federal, o ministro reafirmou que se trata de um procedimento normal e que o assunto está encerrado. Questionado por jornalistas se a decisão de pedido de demissão em massa por funcionários da Receita seria uma jogada, Mantega disse: “Não sei”.
Moody’s
O vice-presidente da Moody’s e principal analista do Brasil da agência de rating, Mauro Leos, afirmou à Agência Estado que “todos os dados relativos ao nível de atividade do Brasil (divulgados desde julho) confirmam os sentimentos positivos” que levaram a empresa a iniciar um processo de revisão do rating do País para possível grau de investimento. “As evidências econômicas de hoje reforçam a mensagem de que a recuperação da economia está ocorrendo antes do esperado e possivelmente de forma mais forte”, disse.
Um dia depois de se reunir com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Nova York, Mauro Leos afirmou que a reunião do Comitê de Rating da Moody’s, que pode conceder upgrade ao Brasil, deve ocorrer em “alguma data em setembro.” Dentro da agência internacional, o humor dos analistas em relação ao País está favorável para a elevação da nota Ba1 para Baa3, o primeiro nível da classificação de grau de investimento para a dívida externa em reais e em moeda estrangeira.
Leos destacou que os mercados financeiros doméstico e internacional “estão mostrando claramente uma avaliação muito positiva” sobre o desempenho do Brasil em relação a outros países frente aos efeitos da crise global. Ele destacou que, desde 6 de julho, quando a Moody’s colocou em revisão as notas do País, todas as estatísticas relativas ao nível de atividade, entre elas produção industrial, vendas no varejo e desemprego, indicam que a economia mostrou “resiliência a choques”.
A classificação de risco é uma ferramenta usada pelos investidores estrangeiros na hora de decidir em que país irão colocar suas aplicações. Ela reflete o risco que um país tem de não honrar o pagamento de seus títulos. Quanto melhor é a avaliação, menor é o risco e, portanto, maior é a capacidade do país de atrair investimentos.
A partir de um determinado patamar de classificação de risco o país é considerado “grau de investimento”. Ou seja, o risco de calote é muito baixo. Muitos fundos de investimento estrangeiro direcionam recursos apenas para países que têm esta classificação. Parte deles é mais exigente, aplicando apenas em países que são considerados “grau de investimento” por ao menos duas das três grandes agências.