O ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou hoje que o governo poderá definir uma margem de garantia adicional para contratos de derivativos, além da que já é definida pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Ele explicou que essa é uma possibilidade que passou a ser prevista na Medida Provisória (MP) 539, publicada hoje no Diário Oficial, mas que por enquanto ainda não será acionada pelo governo.

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“Se for necessário, faremos essa exigência”, disse Mantega, em entrevista coletiva.

Diante da possibilidade do governo exigir mais margem em operações de derivativos no mercado futuro, ele também brincou: “Quem sabe a BM&F fique entusiasmada e aumente suas margens sobre operações com derivativos”.

O ministro afirmou que a medida que determina a exigência de registro das operações de derivativos, mesmo as realizadas no mercado de balcão, não acaba com esse segmento. “Não estamos acabando com o mercado de balcão, apenas exigindo o registro”, disse Mantega.

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Ele também rebateu a hipótese de que ao taxar a especulação, o governo vai prejudicar a disponibilidade de hedge (proteção contra a variação cambial). Segundo o ministro, se há hedge, as posições vendidas e compradas devem se equilibrar e o governo está taxando apenas quando a posição vendida de uma instituição superar a posição comprada em dólar no mercado de derivativos.

No jargão do mercado financeiro, “estar vendido” sinaliza realização de negócios que exigem a entrega futura de dólar ou pagamento da variação cambial. Na prática, isso representa a aposta de que o real vai se valorizar.

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Mantega rebateu as análises de que as medidas adotadas hoje vão atrapalhar o genuíno hedge. “O problema é quando os exportadores fazem o hedge para especulação; este será penalizado.” Mantega insistiu na avaliação de que as medidas não atrapalham o hedge, só a especulação.

Para Mantega, as medidas vão reduzir as posições vendidas e influir na taxa de câmbio. “Quando e quanto vai ser, eu não sei dizer.”

Mantega disse ainda que a MP dá um “arsenal maior” ao governo para ser usado. Segundo ele, a decisão pela MP foi tomada porque aumenta “a autoridade do CMN (Conselho Monetário Nacional) de adotar medidas”. O ministro disse que algumas das medidas já poderiam ser feitas sem a necessidade da MP. “Temos um arsenal maior para usar na questão cambial.”

Posições atuais

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, explicou hoje que as posições atuais em derivativos não serão atingidas pelas medidas anunciadas nesta quarta-feira. Segundo ele, a medida não é retroativa e valerá a partir de agora. Questionado sobre o volume hoje das posições vendidas no mercado, Mantega disse que o tamanho é em torno de US$ 25 bilhões. O ministro também foi questionado sobre o motivo de, na medida provisória, o governo ter fixado um limite de até 25% para o aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em derivativos. Ele disse que esse limite é alto e que se o governo observar que 1% não surtiu efeito, aumentará a alíquota. “O que é 1% pode ir até 25%”, explicou Mantega.

“Esperamos que haja desvalorização do real ou não valorização”, disse o ministro. Ele também disse que o dólar tem se desvalorizado em relação a outras moedas, mas no Brasil tem havido uma valorização adicional do real, por conta dos bons fundamentos da economia brasileira.