O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em carta enviada ao Comitê Financeiro e Monetário do Fundo Monetário Internacional (FMI), como representante de outros dez países na Diretoria Executiva do Fundo, disse que a ampliação do diferencial de juros atrairá maior fluxo de capital para os mercados emergentes.
“Atualmente, o Fundo está aconselhando as economias avançadas a afrouxar suas políticas monetárias, enquanto pedem aos mercados emergentes para apertá-las. Mas a ampliação do diferencial de taxas de juros convidará mais fluxo de capitais para os mercados emergentes”, afirmou Mantega, na carta. Segundo ele, se o FMI apresenta conselhos contrastantes, terá de ir além e “reconhecer o papel das regulações da conta de capital”.
Para o ministro, as respostas tradicionais aos “ingressos de capitais excessivos”, tais como aperto da política fiscal, redução das taxas de juros ou apreciação da taxa de câmbio, são “frequentemente custosas ou inapropriadas”.
“Não podemos e não devemos subordinar políticas fiscais ao humor do ‘hotmoney’ (ingresso ou saída). Isso não seria realístico e democrático”, disse Mantega. Dessa forma, acrescentou o ministro na carta ao FMI, os mercados emergentes podem também precisar se apoiar em medidas “não convencionais”.
“Ao incluir controles de capitais ao seu leque de instrumentos, podemos evitar uma sobrecarga das políticas fiscal, monetária e cambial”, afirmou Mantega. “Controle de capitais, assim como medidas macroprudenciais, apesar de nem sempre apropriadas, precisam estar prontas para serem usadas”. Conforme Mantega, essas medidas deveriam estar acessíveis e expostas na prateleira para convencer os investidores de que “nossos governos” estão determinados a usá-las, se necessário e na dose certa.