O ministro da Fazenda, Guido Mantega, esclareceu que os poupadores com mais de R$ 50 mil já depositados neste ano passarão a pagar Imposto de Renda no próximo ano, se aprovada a proposta que o governo enviará ao Congresso. Mantega explicou ainda que a cobrança do imposto incidirá sobre o rendimento da poupança dos valores acima de R$ 50 mil. “A taxação será sobre quanto rende, sobre os trocadinhos”, disse o ministro, reforçando sempre que a cobrança do imposto depende da queda da taxa Selic.

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Ele explicou que a tabela preparada pelo governo prevê alíquotas do Imposto de Renda por intervalos da taxa Selic. Ele citou como exemplo uma variação da Selic entre 10% e 10,5%. Nesse caso, será cobrado Imposto de Renda sobre 20% do rendimento do montante que exceder os R$ 50 mil.

Ao ser questionado sobre como o governo evitaria que especuladores usassem “laranjas” para pulverizar suas aplicações, Mantega disse que a contabilização será feita no ajuste anual do Imposto de Renda, que é por CPF. Caso um único CPF tenha várias cadernetas de poupança, elas serão unificadas para cálculo do imposto. Mantega disse que pode haver fraudes que o governo ainda não vislumbrou neste momento, mas que serão combatidas, caso aconteçam.

Isenção

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Mantega disse que “a linha de corte” para isentar da cobrança de Imposto de Renda as pessoas que tiverem a caderneta de poupança como única fonte de renda deve ser R$ 850 mil. Acima desse valor, informou o ministro, deve haver uma taxação menor que será feita por meio de um redutor definido pelo governo. Mantega explicou que, para obter o benefício, não precisa ser aposentado como no exemplo citado mais cedo por ele próprio. “Qualquer pessoa que tenha como única renda a caderneta de poupança terá uma taxação menor”, esclareceu o ministro.

O ministro afirmou que não houve fuga de aplicações da poupança por conta das discussões sobre a remuneração. Segundo ele, a poupança tem o saldo de R$ 264 bilhões e houve uma oscilação de 1% nos últimos meses, que pode ser atribuída a diversas razões, como, por exemplo, aquisições de bens que têm sido estimulados pelo governo.

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Ele voltou a dizer que a mudança na regra da poupança visa a dar espaço para a taxa Selic cair e destacou que a queda dos juros vai levar a uma redução na rentabilidade de todos as aplicações do País. Isso, segundo ele, pode diminuir o estímulo à especulação e ampliar o interesse nos investimentos na produção.

Mantega afirmou que acredita que não será compensador para os investidores deixarem a poupança para buscarem outros investimentos, mas ressaltou que cabe ao próprio aplicador fazer as contas e comparar para decidir o que fazer. O ministro disse que é possível que, no futuro, se altere o valor limite de R$ 50 mil para a tributação na poupança, mas lembrou que em uma economia estável, com inflação baixa, não deve haver essa necessidade. Mantega esclareceu que a cobrança do imposto sobre a poupança ocorrerá na declaração de ajuste anual do Imposto de Renda.

Taxa de administração

O ministro da Fazenda afirmou hoje que a melhor maneira de forçar os administradores de fundos de investimentos a reduzirem as taxas cobradas é a redução da taxa Selic (juro básico da economia brasileira). Segundo ele, com a queda dessa taxa básica, os rendimentos dos fundos de investimento vão-se aproximando da caderneta de poupança e deixam de ser competitivos. “Só com isso, os administradores de renda fixa terão que baixar as taxas. Senão, irão perder investidores”, disse o ministro.

Ele afirmou também que não houve saída de recursos de títulos públicos e aproveitou para fazer propaganda de um produto do governo – o Tesouro Direto, pelo qual os investidores podem comprar títulos públicos pela internet. “O Tesouro Direto tem uma excelente rentabilidade. É uma boa modalidade de aplicação”, afirmou.

Taxa Referencial

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, informou que o governo decidiu não alterar o cálculo da Taxa Referencial (TR), usada na definição do rendimento da caderneta de poupança. Meirelles disse que o governo chegou a discutir a possibilidade de aproveitar o momento para simplificar o cálculo, mas concluiu que não se justificaria uma alteração dessa magnitude agora.