Mantega: guerra cambial irá para pauta do G-20 em Seul

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que a guerra cambial e as políticas fiscais estarão na pauta para discussões dos líderes mundiais na reunião do G-20, em Seul, em novembro deste ano. “Não deixemos esse conflito se aprofundar e não deixemos que cada país apenas busque uma solução para si próprio. Isso vai aprofundar o conflito. É preferível colocar na pauta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do G-20 a discussão da revisão das políticas fiscais e a questão cambial”, afirmou Mantega esta tarde a jornalistas após reunião com o Comitê Financeiro Monetário e Internacional, no FMI, em Washington.

Tanto o conflito cambial como as políticas fiscais estiveram presentes até agora nas discussões do Encontro Anual do FMI e Banco Mundial, mas sem que houvesse sinal de avanço ao redor desses temas. Os países avançados continuam se mostrando mais na direção de retirada dos estímulos fiscais e adoção de planos de austeridade fiscal, como ocorre em vários países na Europa, onde os riscos das dívidas soberanas ainda não desapareceram.

Outras economias avançadas, como os Estados Unidos, dão sinais de que vão continuar com afrouxamento monetário quantitativo, com o Fed reinvestindo bônus atrelados a hipotecas que vencerem em títulos de dívida de longo prazo.

Ao que parece, ainda falta apoio à sugestão de Mantega de voltar atrás e retomar estímulos fiscais. Mantega ressaltou, porém, que pelo menos o diretor gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, compartilha sua visão sobre políticas fiscais. “Ele mencionou a necessidade de retomar políticas fiscais em algum momento, em alguns países. É claro que não são todos. Há países que não tem como retomar política fiscal e outros não têm necessidade”, disse.

“E a fala do presidente do Fed (Ben Bernanke, na reunião do comitê) foi no sentido de mencionar as dificuldades de fazê-lo. Eles têm dificuldades políticas de retomar os estímulos fiscais porque há o Congresso, que está bloqueando essas medidas. Então, acho que o Congresso tem que ser responsabilizado pelos resultados que vão colher, que será mais desemprego. Acho que a pior coisa que pode ocorrer é você ter desemprego elevado e consumo baixo”, avaliou Mantega.

O ministro acredita, no entanto, que o rebaixamento das previsões de crescimento global do FMI “causou impacto” entre os países ricos. “Eles têm que dar uma resposta para o desemprego. Não sei como se sustenta politicamente um país cujo desemprego está próximo dos 10%, como na União Europeia e nos EUA. Acho que eles têm que refletir para achar outras saídas”, disse.

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