O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ficou isolado dentro e fora do governo ao defender restrições às operações de crédito como alternativa para conter a demanda e, com isso, evitar uma provável elevação da taxa de juros pelo Banco Central (BC). Mantega foi criticado até mesmo por tradicionais ?desenvolvimentistas?, que consideraram a proposta defendida pelo ministro como ?um passo equivocado?
Alguns chegaram a dizer que o ministro ?errou o alvo?, ao propor limitar o número de prestações para a compra de veículos no momento em que o governo Lula define estímulos adicionais que permitam novos investimentos no País pelas grandes montadoras. Além disso, lembraram as fontes, os preços dos veículos não estão subindo, mesmo com a fila de espera dos consumidores que aguardam a produção de seus carros e caminhões. O objetivo de medidas em estudo no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é elevar a produção de veículos dos atuais 3 milhões para 5 milhões. Para isso, serão necessários investimentos gigantescos das montadoras neste e nos próximos anos.
Com a limitação do crédito para veículos, anunciada por Mantega na semana passada, o receio de setores do governo é que os presidentes das montadoras resolvam segurar os investimentos. ?Ele não pensou nas conseqüências do que disse?, avaliou uma fonte. Houve reações contrárias à proposta do ministro da Fazenda até mesmo na Casa Civil, que é, atualmente, onde são definidas as grandes questões estratégicas do governo Lula. O assunto foi discutido na reunião de ontem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os ministros do grupo de coordenação política, no Palácio do Planalto. Ao término do encontro, um dos presentes foi orientado a vazar à imprensa que o presidente não tinha decidido quais as medidas específicas de redução das facilidades de crédito.