O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que a economia do País está em desaceleração e que o segundo trimestre deve ter registrado uma velocidade de expansão ao redor de 4,5%, em termos anualizados. No primeiro trimestre, o PIB cresceu 1,3% em relação ao trimestre anterior, o que indica um ritmo anualizado de 5,30%. No entanto, o ministro ressaltou que o ritmo de incremento da economia no segundo trimestre é positivo, pois permite uma expansão sustentável, com a inflação sob controle.
“A economia vai muito bem, todos os setores estão satisfeitos, a renda está em expansão. E não há superaquecimento da economia, com PIB de 4,5%. Nós estamos com pleno emprego em alguns setores produtivos”, afirmou. “Os países avançados devem estar com inveja da trajetória do Brasil”, disse.
O ministro foi categórico ao dizer que não há bolha de crédito no País. Segundo ele, o setor está em expansão, mas com um ritmo ao redor de 15% ao ano, inferior ao registrado em 2010. Além disso, ele destacou que o sistema financeiro no Brasil é muito sólido e cauteloso, inclusive nas operações de concessão de crédito para empresas e famílias, pois ressaltou que o índice de Basileia está ao redor de 17% do capital dos bancos.
O ministro afirmou ainda que, em alguns setores, ocorreu aumento pontual da inadimplência, mas isso foi marginal e compreensível, dado que os juros para operações de crédito ao consumidor subiram nos últimos meses em função de várias medidas adotadas pelo governo para desacelerar o ritmo de atividade, como ações macroprudenciais e a elevação da taxa Selic pelo Banco Central, que está subindo desde janeiro.
Câmbio
O ministro da Fazenda deu hoje um recado aos investidores que acreditam que a apreciação cambial continuará firme no curto prazo. “Nós poderemos tomar novas medidas para impedir essa valorização cambial. Não podemos antecipá-las, mas podem esperar. Sempre que a gente fala, acaba em medidas, portanto, os especuladores que se acautelem.”
O ministro destacou ainda que o câmbio não está sendo utilizado pelo governo como um dos principais instrumentos para combater a inflação. Isso está sendo feito, sobretudo, pela política fiscal e pela política monetária do Banco Central.
Segundo ele, o câmbio é uma questão que preocupa e causa apreensão por dois motivos. De um lado, o câmbio expressa problemas da economia mundial, pois muitos países têm dificuldades financeiras, o que acaba repercutindo na desvalorização de suas moedas. “Por outro lado, há manipulação cambial, a guerra cambial de países que procuram reduzir o valor de suas moedas para poder exportar mais e ter maior competitividade”, afirmou.
O ministro destacou que alguns países estão tão necessitados em exportar, para gerar arrecadação e emprego, que estão fazendo operações triangulares com “sinais de fraude” para vender os seus produtos para o Brasil. “Vamos combater a concorrência desleal”, ressaltou o ministro, dizendo inclusive que a Receita Federal organizou um novo departamento de inteligência para atuar com foco nesses casos.
Desoneração fiscal
Mantega afirmou hoje que “nas próximas semanas teremos novidades sobre a desoneração da folha de pagamento das empresas”. Ele destacou que o governo federal conversa com empresário e trabalhadores para que seja desenhada uma boa proposta nessa direção, pois, segundo ele, é muito elevada a contribuição patronal de 20%. De acordo com Mantega, o debate caminha bem e está quase chegando “nos finalmentes”. O ministro, porém, não quis antecipar detalhes.
O ministro ressaltou que antes da decisão ser tomada, o governo anunciará na próxima semana a nova fase da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP). Sem entrar em detalhes sobre as medidas, Mantega destacou que o governo vai adotar ações para estimular os investimentos das empresas.
Além disso, Mantega disse que esse conjunto de ações terá também como foco colaborar para que o setor manufatureiro enfrente melhor o ingresso de produtos importados, o que está sendo provocado tanto pela guerra cambial travada por muitos países que desvalorizam o câmbio para elevar suas exportações como também pelo nível apreciado da cotação do real ante o dólar.