Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Mantega com Meirelles: BC é autônomo e funciona melhor assim. |
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, concederam juntos, ontem, em Davos, entrevista à imprensa, para afastar especulações sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir o ritmo de queda da taxa básica de juros do Brasil (Selic), cortando o juro básico em 0,25 ponto porcentual, dois dias depois de o governo ter anunciado o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Logo após desembarcarem em Davos à tarde, Mantega e Meirelles receberam ordem do presidente Lula para falar com a imprensa o quanto antes a fim de esclarecer a posição do governo em relação ao Banco Central.
Trocando sorrisos, Mantega e Meirelles procuraram mostrar que não há desavenças entre eles. Mantega chegou, inclusive, a defender a autonomia do BC. ?O BC é autônomo e funciona melhor assim.? No início da entrevista, Mantega salientou que a Selic caiu anteontem e isso ajuda o País. ?O que atrapalharia seria a elevação dos juros. O crédito está aumentando e a taxa de juro continua caindo. Estamos no caminho certo?, afirmou o ministro.
Mantega destacou que a ?Selic caiu na medida adequada considerada pelo Copom?, acrescentando que o Copom faz uma análise técnica e tem de entregar uma meta de inflação. Essa é a missão do Copom, disse o ministro.
?O importante é que os juros estão caindo e devem continuar caindo nos próximos meses?, afirmou. Dessa maneira, segundo ele, o Banco Central vai ajudar o governo a atingir os objetivos do PAC.
O ministro negou que, durante a apresentação do PAC, segunda-feira, tenha feito um pedido público pela queda dos juros. ?Fiz apenas uma projeção futura para os juros, mostrando que o mercado, a pesquisa Focus do BC projetam uma queda de juros nos próximos quatro anos?, disse ele. ?Isso é muito importante.?
O ministro enfatizou ainda que não adianta haver crescimento com alta de inflação. ?Queremos as duas coisas: crescimento e inflação na meta?, afirmou. O grande desafio, segundo ele, é crescimento sem inflação. ?E o Copom deu um passo nessa direção? disse Mantega.
Henrique Meirelles, por sua vez, procurou endossar as palavras de Mantega. ?O ministro disse com muita clareza o que ele acha?, afirmou o presidente do BC. ?Temos uma relação absolutamente cordial e bem humorada e trabalhamos em completa sintonia?, afirmou.
Ele salientou que a missão básica do Copom é cumprir a meta de inflação. ?Essa é a nossa contribuição para reforçar o PAC?. Meirelles ressaltou que o presidente Lula, ao apresentar o PAC, disse com muita clareza que o PAC é crescimento com estabilidade e seriedade. ?Há uma indicação clara de que o País está no rumo certo para crescer mais. Cada um cumpre com sua parte?, frisou.
O presidente do BC disse não ter se incomodado com as declarações do ex-ministro José Dirceu, que, em seu blog na internet, sugere que a sociedade peça a renúncia do presidente do BC. ?Não me importo absolutamente. Vivemos num País democrático e livre, onde qualquer cidadão tem liberdade para criticar o Banco Central?, afirmou Meirelles, cujo retorno estava previsto inicialmente para este fim de semana, informou que vai antecipar a sua volta para hoje, junto com o presidente Lula.
Após o encerramento do Fórum Econômico Mundial, o ministro Mantega seguirá para Londres, onde manterá contatos com investidores, analistas e autoridades do governo britânico até quarta-feira, dia 31.