Não cabe ao Banco Central (BC) brasileiro se preocupar com a turbulência internacional e com o câmbio porque, com o regime de metas de inflação, a autoridade monetária deve monitorar a inflação. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (17) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, quando questionado por um membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) se o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziria a taxa básica (Selic) de juros na próxima reunião, marcada para os dias 4 e 5 de setembro. "O BC tem que olhar a inflação, e se a inflação continua estável há espaço para reduzir taxas", argumentou, acrescentando que a informação que obtém até o momento é a de que não existe pressão inflacionária.
Mantega alegou que o uso da capacidade instalada está sob controle e que o crescimento do País vem sendo baseado, em grande parte, por investimentos. De acordo com ele, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) vem crescendo a uma taxa de 10% este ano na comparação com 2006. "Isso significa que a oferta está aumentando", analisou.
Ele citou ainda que os preços administrados vem apresentando queda e deu como exemplo a tarifa de energia elétrica. O ministro lembrou que mesmo a pressão vinda do setor de alimentos está localizada em produtos como leite e derivados. Mantega lembrou ainda que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulado em doze meses, está em 3,7% e, portanto, abaixo do centro da meta de inflação.
"E a subida do dólar, não causa inflação?", questionou o ministro, que em seqüência respondeu que esta relação realmente pode ser verificada, mas apenas se a moeda norte-americana continuasse subindo por um longo período de tempo. Mantega disse ainda que ontem havia muito "exportador feliz" com a elevação da moeda em relação ao real.