O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os países do G-20 saem da reunião encerrada neste domingo (9) bastante unidos e fortalecidos para encaminhar sugestões para resoluções dos problemas do mercado financeiro. Ele admitiu, porém, que, como os temas são complexos e foram discutidos pelos ministros das finanças e representantes dos bancos centrais, as sugestões efetivamente serão organizadas na reunião de Washington, no próximo de dia 15 de novembro, quando serão debatidas e poderão receber o aval dos chefes de governo. “De lá, sairá a pauta completa e, em um, dois ou três meses sairá a agenda com o cronograma e as soluções completas”, afirmou o ministro, em entrevista coletiva para comentar os resultados da reunião do G-20 realizada em São Paulo.

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Este fórum, segundo Mantega, é importante pois está reunindo as condições políticas para que na próxima semana haja uma decisão dos chefes de governo para uma proposta que é “ambiciosa”. O ministro afirmou que há anos vem ouvindo comentários sobre a necessidade de se reformular o acordo de Bretton Woods. Mas acrescentou que, por não ser uma questão fácil, até o momento esta mudança não havia sido feita. “Há momentos mais adequados para fazê-la, como este.” O ministro acrescentou que a situação atual é de estresse, comoção e de demonstração da disposição dos países em cooperar para o enfrentamento da crise.

Mantega avaliou que há “um nítido progresso” de ampliação da representatividade dos países emergentes, em especial daquelas economias mais dinâmicas. “O fórum transmitiu muita força. Houve debate caloroso”, disse o ministro, relatando que o Financial Stability Forum já mencionou que dará mais espaço aos países emergentes. O ministro lembrou que outra demonstração de força dos países emergentes foi o comparecimento do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao encontro do G-20 realizado no mês passado, a pedido do Brasil. “O G-20 sai fortalecido desse processo e vislumbra possibilidade prática de ser mais representativo”, disse.

O ministro salientou que o Brasil já possui um documento com as propostas, mas que os detalhes não foram discutidos nas reuniões realizadas na capital paulista. “São detalhes difíceis, técnicos e que devem ser aprofundados”, comentou. Mantega afirmou, porém, que houve uma “total concordância” entre os participantes de se executar políticas anticíclicas em cada país. Ainda que essa necessidade tenha sido reconhecida, de acordo com Mantega, ela deve respeitar as características de cada país. “Mas a China já saiu na frente”, afirmou, em referência ao pacote chinês de US$ 586 bilhões de combate à crise, anunciado hoje, para ampliar os investimentos naquele país, especialmente das pequenas empresas.

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Mantega afirmou que o governo brasileiro também está disposto a colaborar para mitigar os impactos da crise, mas ressaltou que, no cenário doméstico, ainda não há uma queda do nível da atividade que justifique a adoção de políticas semelhantes pelo País. O ministro citou que o governo federal já tomou medidas nas áreas de crédito e fiscal, citando a postergação do pagamento de impostos por empresas. “Se for necessário, no futuro, aumentaremos os investimentos públicos, mas sempre preservando o nosso equilíbrio fiscal”, acrescentou.

O ministro ainda salientou que medidas de política monetária também estão sendo adotadas pelo Brasil, como a liberação de crédito e do compulsório. O representante brasileiro afirmou que a atuação na área de crédito continuará à medida que houver necessidade. Como exemplo, lembrou que os bancos públicos vêm fornecendo crédito para o capital de giro do setor automotivo. “Estamos fazendo política monetária expansiva”, comentou.

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Ainda referindo-se ao encontro do final de semana, Mantega relatou que há consenso sobre a existência da crise de crédito e de liquidez. “Cada um está encontrando uma maneira específica de colaborar para o fim da crise”, disse o ministro, ressaltando que o Brasil já disponibilizou recursos expressivos no sistema e que poderá colocar ainda mais, se houver necessidade.

Mantega disse ainda que todos os participantes concordaram que a inflação não deve subir. Para ele, no entanto, é mais provável que, no médio e longo prazo, haja deflação e não inflação, em função da perspectiva de desaquecimento da economia global. A provável desaceleração deve levar a uma baixa dos preços. No caso do Brasil, o ministro disse que a autoridade monetária saberá regular a sua capacidade de coordenar os juros, de acordo com as novas circunstâncias. “A perspectiva é de que, com a queda da demanda, a preocupação com a inflação ceda espaço para outras preocupações”, comentou Mantega.