Mantega diz que BNDES não é hospital de empresas

Ao contrário do que dissera seu antecessor, Carlos Lessa, o novo presidente do BNDES, Guido Mantega, afirmou ontem, que "o banco não é um hospital de empresas", ao ser perguntado sobre as negociações para uma solução à Varig, afundada numa dívida de cerca de R$ 6 bilhões. Desta forma, Mantega descarta a possibilidade de um socorro à Varig como está estruturada hoje e aos seus atuais controladores.

"O BNDES poderia financiar outros grupos que pudessem absorver o patrimônio da Varig para que ele não se perca", disse. Mantega afirmou ainda que uma operação de financiamento à empresa aérea seria dentro dos padrões do banco de fomento, sem a concessão de uma linha de crédito especial.

Ele informou que a nova diretoria do banco não conversou com as empresas Gol ou TAM, que poderiam adquirir os ativos da Varig. "O banco está aberto para receber propostas", afirmou.

Carlos Lessa, quando presidente do BNDES, defendeu a participação do banco no capital da Varig, como uma forma de preservar a empresa. Em seu discurso de posse, Lessa também disse ser favorável à idéia do BNDES funcionar como um hospital de empresas. "É pura ideologia criticar o fato de o BNDES ter sido hospital. Foi, sim, e muito bom. Se tiver de ser um hospital, será. Se o presidente da República mandar hospitalizar uma empresa, abrimos a nossa UTI para ela", afirmara Lessa em janeiro de 2003.

Novos diretores

O BNDES terá como vice-presidente Demian Fiocca, chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento. O economista Antônio Barros de Castro, que era asesssor especial de Mantega no Planejamento, será diretor de Planejamento do BNDES. O anúncio foi feito ontem à tarde. Permanecem na diretoria do banco Maurício Borges Lemos e Roberto Timótheo da Costa. Mantega disse que ainda não definiu a área de cada indicado no BNDES.

Furlan defende dólar mais "estimulante"

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, voltou a afirmar que o valor atual do dólar é ?preocupante? para os exportadores brasileiros e que ele conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao defender um câmbio mais ?estimulante? para as exportações do País.

Furlan disse que, em um país com altas taxas de juros como o Brasil, o crédito mais barato é o da antecipação de câmbio para exportação, que costuma ser fechado seis meses antes do embarque dos produtos para o exterior. Por isso, o ministro diz estar preocupado com os contratos que estão sendo fechados agora, e que podem afetar o desempenho da balança comercial em 2005.

"Hoje, empresas que vão exportar no ano que vem estudam a viabilidade econômica de produzir e ter a remuneração à taxa de câmbio vigente", disse Furlan, ontem. ?Temos esse sistema de câmbio flutuante. Por outro lado, o grande sucesso dos exportadores acaba se voltando contra os próprios exportadores. É um sinal de preocupação que estamos tratando e a gente espera que se encontre um ponto de equilíbrio que seja estimulante à continuidade do crescimento das exportações", afirmou.

Segundo ele, alguns setores estão diante de um ?dilema?, entre investir para aumentar a produção para o mercado interno e, ao mesmo tempo, sustentar a exportação, ou simplesmente, reduzir a exportação para atender o mercado brasileiro.

Furlan disse que há uma convergência entre a sua posição e a do presidente Lula, mas que "entre o desejo e a possibilidade há uma distância".

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo