Mantega diz que aumento do IOF não é definitivo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa de 2% para 4% “não é uma medida definitiva que vá resolver todo o nosso problema”. “É para atenuar o fluxo forte que se identificou em aplicações financeiras estrangeiras em mercados de renda fixa”, ressaltou.

O ministro informou que vai amanhã a Washington, para uma reunião com ministros da Fazenda dos 24 países mais importantes do mundo, discutir o mesmo assunto. “A questão cambial é generalizada e não só no Brasil”, afirmou. “Estamos vendo que a cada dia países tomam medidas para impedir que haja valorização das suas moedas. Ninguém quer perder a guerra comercial. Ninguém quer deixar de exportar ou ter sua moeda valorizada artificialmente. Nós temos que discutir em conjunto para acharmos uma saída comum de todos os países”.

Bolsa e cartão de crédito

Mantega explicou ainda a razão de não ter elevado o IOF para os investimentos estrangeiros em Bolsa. “Não havia fluxo excepcional na Bolsa, portanto nós mantivemos o IOF em 2% para aplicações estrangeiras”, disse o ministro. Sobre o IOF para compras no exterior com cartão de crédito Mantega disse que nada mudou. “Não mudou o IOF em relação ao cartão de crédito. Exceto em relação aos investimentos estrangeiros no mercado de renda fixa. O resto fica igual”, disse ele. O ministro lembrou que no caso das compras no exterior ninguém pode trazer mais que US$ 500 por pessoa e quem ultrapassar esse valor já paga imposto sobre isso.

O ministro da Fazenda voltou a reconhecer que o aumento do IOF nos investimentos estrangeiros em renda fixa, que entrou em vigor hoje, ainda não surtiu o efeito esperado. “Há remédios que não fazem efeitos no dia seguinte. Às vezes você começa a tomar um antibiótico e tem que tomar uma semana. É preciso olhar o cenário de hoje”, disse, citando que o Japão, por exemplo, também tomou uma medida importante hoje, no sentido de desvalorizar o iene em relação ao dólar, o que afetou muitos mercados. “O que se poderia pensar é que não fez efeito hoje, mas poderia fazer amanhã. E certamente ela (a medida) vai diminuir o fluxo de capital de curto prazo em aplicações financeiras, o que vai nos ajudar a diminuir a pressão sobre o dólar”, afirmou. Segundo o ministro, o raciocínio é que “se não se tivesse tomado esta medida, com o fluxo grande que estava ocorrendo, se poderia ter uma desvalorização do dólar maior do que de fato ocorreu”.

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