O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que não vê no momento necessidade de intervenção no mercado futuro de câmbio. Ao ser indagado que a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de recursos estrangeiros em renda fixa não afeta as operações de arbitragem que são feitas no exterior e, portanto, não resultam em fluxo de dólares para o País, Mantega disse que “de alguma maneira sempre tem algum fechamento de câmbio feito aqui nessas operações”.
O ministro também avaliou que a decisão de elevar o IOF de 2% para 4% ocorreu porque a pressão de alta do real continuou mesmo após a liquidação da capitalização da Petrobras. “Achei que iria parar”, disse Mantega, destacando que essa pressão continuou, por isso, a decisão de elevar o IOF para o capital externo em renda fixa.
Mantega disse que o Brasil hoje tem atraído muitos recursos estrangeiros para aplicações em renda fixa, com os juros mais altos aqui, enquanto o resto do mundo tem taxas de juros mais baixas. Isso faz com que um investidor pegue recursos no Japão, que tem taxas de juros mais baixas, e aplique no Brasil, onde a taxa de juros básica é de 10,75% ao ano. Ele destacou que o investidor ganha com o diferencial de juros e agora essa diferença com o IOF de 4% será menor. Mantega disse que a medida reduz as vantagens embutidas nas operações conhecidas como “carry trade”.
Guerra cambial
O ministro da Fazenda afirmou hoje que, em relação à questão do câmbio, “nenhum país está brincando em serviço”. O ministro disse que a tendência é de vários países desvalorizarem suas moedas. “Há um conjunto de ocorrências no mercado mundial que merecem a atenção do FMI e do G-20. É preferível que tomemos medidas coordenadas do que isoladas”, afirmou Mantega, que reforçou que pretende levar a questão cambial às próximas reuniões desses dois fóruns internacionais.
Segundo o ministro, o motivo dessas ocorrências é a necessidade de praticamente todos os países de aumentar suas exportações em um momento no qual o mercado mundial ainda não se recuperou totalmente da crise financeira internacional. “Não é só uma guerra cambial, a tendência é haver uma guerra comercial”, disse o ministro.