Em reunião hoje, os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) avançaram nas negociações para a criação de um “pool” com as reservas internacionais do bloco e de um banco de desenvolvimento, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ambos os projetos, porém, ainda não têm data para entrar em funcionamento.

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“Estamos avançando com um programa de pool de reservas, de pool financeiro entre nós no sentido de criarmos uma espécie de fundo que poderá colocar recursos nos países que necessitarem”, disse Mantega a jornalistas, na saída da reunião, ocorrida em paralelo ao encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird).

O ministro afirmou que o mecanismo deverá funcionar nos moldes da Iniciativa de Chiang Mai (ICM). Anunciada em 2000, criou um pool de reservas virtuais, ou seja, os países participantes se compromentem em disponibilizar suas reservas em certos limites em caso de necessidade. Participam 13 países asiáticos, inclusive Japão e China.

“Os países estão de acordo, estamos olhando para os detalhes. E o melhor momento para fazer é agora, quando nós, os Brics, não precisamos dessa sustentação”, afirmou Mantega.

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Outro projeto discutido na reunião foi o do banco de desenvolvimento Sul-Sul, também chamado de Brics, para o qual existe uma comissão técnica.

Os dois projetos voltarão a ser discutidos no mês que vem, na Cidade do México, em paralelo ao encontro do G20.
Sobre o cenário mundial, Mantega disse que os Brics têm uma visão parecida à do FMI, que nesta semana previu uma recuperação mais difícil do que o esperado e cobrou medidas anticrise mais ágeis dos EUA e da zona do euro.

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O ministro voltou a criticar a demora da zona do euro em adotar medidas para conter a crise, como o atraso na implementação do já aprovado Mecanismo de Estabilização Europeu. “Todos esses instrumentos não só demoram para serem construídos como não começam a funcionar.”

Ele também repetiu a crítica contra a política monetária americana baseada no “quantativite easing” (relaxamento monetário), que já está em sua terceira fase e visa estimular o consumo por meio de um aumento da circulação de dólares, provocando a sua desvalorização.

“Estamos preocupados com o excesso de expansão monetária. Política monetária expansionista é correta no momento de recessão. Porém, quando é exagerada, começa a criar efeitos colaterais, como a desvalorização do dólar, o que traz prejuízos para quem tem reservas em dólar, como nós temos, a China tem, os Brics têm de um modo geral. Ela estimula a guerra cambial, porque outros países respondem da mesma forma.”

Crise China x Japão

Mantega minimizou a ausência do primeiro escalão econômico chinês, que enviou apenas representantes em meio à crise com o Japão em torno do controle territorial de um arquipélago no Pacífico.

“A China estava representada, havia um subgovernador do banco da China [banco central], que tinha autoridade para representar o país na reunião, e a discussão avançou bastante.”

Diante da insistência de um repórter japonês sobre a assunto, Mantega disse que ele “tem de perguntar aos chineses”.