O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou duramente o atraso nas negociações para a reforma das cotas do FMI (Fundo Monetário Internacional), afirmando que a entidade corre o risco de perder a credibilidade caso não cumpra a ampliação na participação de países emergentes, entre os quais do Brasil, aprovada em 2010.

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“Infelizmente, estamos testemunhando (…) tentativas de alguns países do G20 para retroceder sobre esse e outros comprometimentos”, afirma Mantega, em discurso que será lido no sábado (13) durante o encontro anual do FMI e do Banco Mundial, em Tóquio.

“Achamos isso profundamente perturbador e não vamos tratá-lo com despreocupação. Todos devem perceber que qualquer tentativa de ‘reinterpretar’ compromissos, especialmente aqueles feitos no nível dos líderes, traz o risco de danificar irreversivelmente a credibilidade dos países que renegam suas promessas, assim como a do G20 e a do FMI.”

A principal divergência entre os maiores 24 acionistas atuais do Fundo está no cálculo para as cotas. Países emergentes, como o Brasil, defendem que o peso seja apenas com relação ao tamanho do PIB, “um indicador que medida clara e amplamente usada de peso econômico”, segundo Mantega.

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Mas há países dentro do Conselho Executivo que defendem a fórmula atual, que leva em conta outros fatores, principalmente o grau de abertura do setor financeiro de cada país.

Mantega cobrou especialmente os EUA sobre o atraso na implantação das reformas. “Exortamos as autoridades dos Estados Unidos a manter os seus compromissos e usar seus melhores esforços para completar os passos domésticos exigidos o mais rápido possível.”

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“Os EUA tiveram um papel crucial na negociação do acordo de 2010 e continuam a exercer uma influência positiva na revisão ampla em andamento da fórmula de cota do FMI.”

Principal acionista do fundo, os EUA precisam aprovar a reforma das cotas no Congresso, o que é altamente improvável no curto prazo devido às eleições presidenciais, em novembro.

Pelo cronograma acordado, a nova fórmula para o cálculo das cotas deve ser aprovada até janeiro do ano que vem para ser implementada 12 meses mais tarde.

O tom pessimista de Mantega contrasta com o otimismo demonstrado pela diretora-executiva do Fundo, Christine Lagarde, sobre o tema. Em discurso nesta sexta, ela afirmou que, pela primeira vez, “Brasil, China, Índia e Rússia estarão entre os dez primeiros acionistas”.

A francesa afirmou que tem havido “grande progresso” rumo à reforma. “Alcançamos a maior parte dos grandes marcos –mais de 75% de consenso para o aumento da cota, mais de 120 países em favor da reforma do Conselho. Agora temos de trabalhar para obter 85% do poder de voto exigido para completar a reforma do Conselho.”