Mantega contesta estudo que mostra Brasil vulnerável

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, traçou nesta terça-feira, 17, um cenário positivo para a economia brasileira e sinalizou que mesmo com o superávit primário do setor público em 2013, de 1,91% do Produto Interno Bruto (PIB), conseguiu reduzir a dívida bruta e líquida do País.

Durante a divulgação do resultado do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ele disse que 2013 foi um ano difícil para a maioria dos países, avaliando que 2014 será melhor, com a maioria dos países “no azul”. Lembrou que há uma recuperação gradual, lenta e difícil das economias americana e europeia, enquanto a China tem dado sinais contraditórios. Considerou que o gigante asiático pode manter a taxa de crescimento em 7,5% ou desacelerar um pouco com consequência, principalmente, para os países emergentes.

Mantega aproveitou para contestar estudos como do próprio Fed que apontam que o Brasil está entre uma das economias mais vulneráveis do mundo. “Isso é um equívoco. O Brasil é um dos países mais preparados para enfrentar esta turbulência”, garantiu.

O ministro enumerou as razões que deixam o País preparado para enfrentar esta turbulência. Entre elas, o nível de reservas internacionais. “Os países com mais reservas são os que estão melhor posicionados”, afirmou. Mantega disse que o Brasil também tem a menor dívida de curto prazo, sendo que a dívida externa representa 7% de todo o valor devido. “As necessidades de curto prazo são pequenas”, disse.

O ministro afirmou que o Brasil também tem um déficit em transação corrente menor do que muitos emergentes. “Não estamos entre os mais vulneráveis em termos de déficit de transação corrente”, completou. Mantega afirmou que o Brasil atrai muitos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). “O Brasil esteve entre os países que mais receberam IED no mundo. É um pais com entrada forte a cada ano e que vai continuar”, disse. “A nossa posição tem melhorado. Somos mais de 4% de todo IED. Estamos bem nesta foto”, defendeu.

Mantega também rebateu a vulnerabilidade cambial do Brasil. Segundo ele, nos últimos seis meses teve até valorização de 0,75% do real. “Está na média dos países. O Brasil não é o país que está mais frágil do ponto de vista de câmbio”, afirmou. O ministro avaliou que o câmbio “se mexe” mais no Brasil do que em outros países porque o País tem um mercado futuro, o que ele considera uma virtude. “De modo que temos um mercado mais líquido. É mais fácil fazer estas operações aqui do que em outros países. Por isso, o câmbio se move mais rápido”, disse. Mantega destacou que a taxa cambial tem tido mais estabilidade nas últimas duas semanas.

Mantega afirmou também que o Brasil tem fundamentos sólidos, com inflação sob controle e compromisso com o resultado fiscal. “A nossa inflação está sob controle. Por dez anos consecutivos não passamos do limite das metas”. Ele disse que, em janeiro, a inflação começou se desacelerando em relação a dezembro. “Talvez anunciando um ano mais tranquilo em relação ao ano passado”, afirmou.

Mantega disse que a inflação nos últimos doze meses, encerrados em janeiro, tem uma posição melhor que no mesmo período anterior. Ele destacou que a inflação de alimentos e bebidas tem sido superior ao IPCA, mas tem desacelerado, crescendo menos que nos anos anteriores. “Estamos com tendência mais benigna do ponto de vista de inflação de alimentos”.

Sobre a política fiscal, o ministro disse que ela é sólida e consistente, mesmo em anos de crise. “Conseguimos um resultado primário elevado muito mais que a maioria dos outros países. Em oito anos, o Brasil é que o que fez o maior superávit dentro do G-20, tirando a Arábia Saudita, e vamos continuar nesta trajetória de solidez”, afirmou. Mantega disse que o superávit primário do ano passado foi suficiente para reduzir a dívida bruta e líquida.

Por fim, o ministro destacou que 2013 teve trajetória de crescimento do investimento, que é prioridade para o governo e para o País. “Estas prioridades continuam”, garantiu. Ele lembrou que em 2013 foram feitos vários leilões bem-sucedidos e que vão se traduzir em obras, em maior atividade, emprego e compras.

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