Foto: Arquivo/Agência Brasil |
Mantega: sem manifestações sobre o futuro dos juros. |
Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, considerou salutar a divisão, anteontem, dos membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na decisão sobre a nova taxa básica de juros, a Selic. ?Não fiquei surpreso, porque é natural que haja, às vezes, pontos de vista divergentes. Não é a primeira vez. É salutar?, afirmou o ministro. Ele destacou que antes da decisão os membros do Copom fazem uma discussão detalhada dos cenários e a conclusão pode ser diferente entre eles. ?No Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano), é a mesma coisa?.
Quatro membros do Copom votaram por uma redução de 0,25 ponto porcentual na Selic, para 12,50% ao ano, e três membros votaram por um corte de meio ponto – opção derrotada.
O ministro evitou, entretanto, comentar se a divisão pode sinalizar uma aceleração da queda de juros na próxima reunião do Copom, em junho, para meio ponto porcentual. A uma pergunta sobre isso, ele respondeu: ?eu prefiro não fazer comentário. O mercado já tirou as suas conclusões?, disse o ministro, acrescentando que o Brasil está indo na direção certa e que o crescimento da economia prova que a política monetária está no caminho correto. Ele disse ter ficado feliz porque a taxa Selic caiu 0,25 ponto porcentual.
Questionado se os dados de inflação abrem espaço para futuros cortes, ele respondeu que sim, mas acrescentou: ?de quanto, eu não sei e nem quero saber. Não vou me pronunciar?.
Mantega também avaliou que a queda dos juros pode ajudar a segurar a cotação da moeda norte-americana, mas ?não de maneira cabal?. As declarações foram dadas pelo ministro ao deixar o Ministério da Fazenda.
DRU
Mantega rejeitou a proposta do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de retirar os recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) da Desvinculação de Receitas da União (DRU). ?Não estamos pretendendo tirar. A DRU deve permanecer exatamente do jeito que está?, disse ontem o ministro.
A DRU é um mecanismo que permite ao governo modificar o uso de 20% das chamadas verbas vinculadas (que são arrecadadas com uma destinação específica).
Banco do Sul
O ministro disse ainda que o Brasil só se tornará membro do Banco do Sul se participar de seu projeto de elaboração. A nova instituição financeira é uma proposta do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que serviria como uma espécie de Fundo Monetário Internacional (FMI) para países da América do Sul.
?O Brasil não vai aderir a nada. O Brasil não é um país que adere. Ou o Brasil participa e elabora junto ou não. O presidente Lula deixou muito claro, em Washington, que o Brasil ou participa em condições de igualdade, dentro de um projeto que nos interessa, com princípios legítimos e modernos ou a gente não participa (do Banco do Sul)?, disse.