Em tempos de aperto fiscal, o “banquete” oferecido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, a 18 executivos de grandes empresas brasileiras foi pago pelos próprios convidados. Cada empresário teve que desembolsar R$ 40 para almoçar com Mantega e os seus principais secretários. No cardápio, carne e peixe. E também as complexas negociações em torno da Medida Provisória (MP) 627, que trata de mudanças na tributação no lucro das empresas no exterior em tramitação no Congresso.

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“A comida estava boa, mas nós pagamos por ela”, contou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, um dos poucos empresários que falou com a imprensa ao final da reunião-almoço, que durou mais de quatro horas. Bem-humorado, o presidente da CNI disse que valeu a pena pagar pelo almoço e, rindo, contou que o peixe não foi a sardinha.

“Teve peixe e carne. Não teve rabada”, disse ele. Mas não serviram vinho nem refrigerante. “Só água”, revelou Andrade. Para ele, a cobrança da conta mostrou uma “gestão eficiente e bem dura”. Ele não achou caro. “O preço é esse mesmo. E não foi a quilo”, brincou ele, dizendo que comeu pouco porque falou muito no almoço.

Sardinha assada numa churrasqueira, montada em frente ao Ministério da Fazenda, foi justamente o prato principal servido por um grupo de manifestantes da Força Sindical. De sobremesa, os manifestantes serviram abacaxi. No protesto, eles criticaram Mantega por oferecer um “banquete” para os poderosos, enquanto o povo ficava com a sardinha.

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Apesar do bom humor, o presidente da CNI defendeu a necessidade de uma agenda para o Brasil ter um crescimento maior. “Estamos discutindo uma agenda que pode ser positiva para o Brasil este ano para a gente crescer mais e melhor”, afirmou. Segundo ele, não houve nenhum pedido dos empresários ao ministro de medidas de estímulo à economia ou redução da carga tributária. “O que foi discutido foi o custo da burocracia tributária e trabalhista e a falta de logística”, informou. No encontro com Mantega, os empresários pressionaram por mudanças na MP. Eles reclamam que a MP promove o aumento da carga tributária.