O secretário interino da Receita Federal, Otacílio Cartaxo, teve ontem de dar explicações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a investigação que a Corregedoria da própria Receita fez contra ele. Conforme revelou reportagem publicada no domingo pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Corregedoria investigou indícios de que Cartaxo teria acumulado patrimônio incompatível com a renda. O secretário apresentou ao ministro, que retornou ontem ao trabalho, após 11 dias de férias, o relatório da auditoria interna que levou ao arquivamento do processo. Mas o Ministério Público Federal decidiu investigar o caso pois desconfia dos resultados da auditoria da Receita.
Mantega passou os últimos dias antes de sair de férias tentando conter as pressões políticas contra a demissão da ex-secretária Lina Maria Vieira. O ministro gostaria de nomear para o posto o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Valdir Simão. Mas, para contornar uma rebelião dos superintendentes regionais, que apoiam Lina, foi obrigado a nomear interinamente Cartaxo, segundo homem na hierarquia do Fisco. A escolha apaziguou os ânimos num primeiro momento.
Mantega foi atropelado pelo vazamento à imprensa da demissão de Lina, exigida pelo Palácio do Planalto. Antes de anunciar formalmente a saída da ex-secretária, o ministro queria preparar a transição de cargo para permitir que o substituto se ambientasse no novo posto. Foi que ocorreu quando Lina substituiu o antecessor, Jorge Rachid. Lina passou dois dias no Ministério da Fazenda antes de o ministro comunicar a Rachid sua demissão.
Com a precipitação da notícia, o caso tomou novo rumo. Ao nomear Cartaxo, o ministro buscou ganhar tempo para fazer uma transição tranquila e negociada com os servidores do órgão, fator considerado por uma fonte do governo como essencial para uma gestão menos conturbada. Essa fonte avalia que a queda de Lina foi provocada pela transição tumultuada que ela mesmo promoveu, ao fazer muito rapidamente mudanças profundas na cúpula e no modelo de gestão da Receita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.