O dólar no Brasil chegou ao nível de R$ 2,45 de forma muito abrupta, o que não é bom para os negócios, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega em entrevista a jornalistas em Nova York, nesta quarta-feira, 25. “Essa oscilação só causa instabilidade e insegurança. O câmbio pode se desvalorizar ao longo do tempo, mas tem que ser gradual.”
Depois da decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de deixar inalterada a política monetária, na semana passada, Mantega avalia que o câmbio ficou mais calmo, o que torna o ambiente para negócios mais favorável.
O dólar chegou a superar o patamar de R$ 2,45 no começo de agosto, período de maior estresse global com migração de ativos principalmente de emergentes para aplicações em títulos do Tesouro dos EUA. No dia 22 do mês passado, o Banco Central anunciou atuações diárias no mercado cambial até o fim do ano, o que colaborou para desacelerar a valorização do dólar. Nesta semana, a moeda dos EUA tem oscilado na faixa de R$ 2,20.
Na avaliação de Mantega, o Brasil está com uma taxa de câmbio mais conveniente às exportações, destacando que as vendas externas de manufaturados têm aumentado gradualmente e a expectativa é de exportações crescentes de veículos.
Questionado sobre a apetite de investidores por projetos no Brasil, o ministro disse que tem sentido interesse nas conversas que manteve com esses agentes em Nova York nesta semana. Na terça-feira, 24, ele almoçou no Bank of America com um grupo de 20 investidores que juntos administram ativos de cerca de US$ 10 trilhões. Nesta manhã, fez apresentação das oportunidades em infraestrutura no Brasil para cerca de 350 pessoas, em uma conferência na sede do banco Goldman Sachs, em Wall Street. Além disso, se reuniu de forma reservada com o presidente da AB InBev, Caros Brito, e com o presidente do Goldman, Gary Cohn.
Perguntado se as denúncias de espionagem dos EUA sobre cidadãos e empresas no Brasil podem afetar as relações comerciais entre os dois países, Mantega afirmou que é uma discussão na esfera política, sem efeitos nas transações comerciais. A economia norte-americana, acrescentou, está se recuperando e a expectativa é de que os EUA aumentem as importações de produtos brasileiros.