O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que a economia, no último trimestre de 2009, deve crescer, em termos anualizados, cerca de 8%. Esse é o mesmo patamar que ele prevê para o terceiro trimestre, cujo resultado será divulgado amanhã pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

continua após a publicidade

Essas taxas anualizadas são em comparação aos trimestres anteriores. Em seu discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Mantega disse ainda que o País já entrou em um novo ciclo de crescimento e destacou que o Brasil passou bem pela crise.

“Pela primeira vez, a gente consegue passar por uma crise sem grandes problemas”, disse. Mantega projetou também uma taxa de crescimento média de 5% “ou mais” entre 2009 e 2014. Segundo ele, esse crescimento mostra a consolidação do novo ciclo econômico para o País, mais consistente e robusto do que no passado.

Segundo ele, entre 1998 e 2002, o crescimento era “incipiente”, com taxa média de 1,7% e, entre 2003 e 2008, o quadro melhorou com uma taxa média de 4,2%. Na avaliação do ministro, se não fosse a crise financeira internacional, o crescimento do país já estaria num ritmo maior.

continua após a publicidade

Mantega disse que a indústria tem dado demonstrações de forte recuperação e também tem havido recuperação dos investimentos. Segundo ele, a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) voltou a funcionar em ritmo acelerado.

Ele disse ainda que o crescimento econômico está agora retomando com mais força, consolidando um novo patamar de desenvolvimento. Segundo Mantega, o crescimento atual mostra uma mudança qualitativa em que se permite, pelas suas características, um crescimento que gera mais emprego por causa da importância do setor de serviço, da agricultura, principalmente a familiar, e da construção civil, setores que são grandes geradores de emprego.

continua após a publicidade

Ele disse que, certamente, haverá um “boom” da construção civil. Ele destacou que esse padrão de crescimento permitiu que, em pleno ano de crise econômica, o Brasil conseguisse gerar, entre janeiro e outubro, mais de 1,1 milhão de empregos.

“Algo que não aconteceu em nenhum lugar do mundo. Talvez na China”, disse. Mantega previu que os empregos continuarão a ser criados em 2010. “A matriz da nossa economia é mais gerencial de empregos”, disse.

Massa salarial

O ministro da Fazenda disse que a massa salarial vem crescendo ano a ano e deve ter expansão de 6% em 2010. Segundo ele, esse é um dado importante que evidencia o fato de a economia brasileira estar sendo puxada pelo mercado interno.

Mantega afirmou que a tendência do crédito é de continuar se expandindo e avalia que há espaço para que isso ocorra, pois a relação crédito/PIB no Brasil é mais baixa que em outros países.

O ministro afirmou ainda que, a despeito de a demanda interna ser o motor do crescimento do País, o novo ciclo de expansão será puxado pelos investimentos. Ele estima que os investimentos devem crescer 15% no ano que vem em relação a 2009 e essa trajetória deve se manter nos anos seguintes. Ele prevê que a taxa de investimento será de 18% do PIB em 2010 e deve chegar à casa de 19% em 2011.

Ele destacou que a sustentação dos investimentos é fato, garantido por uma série de programas liderados pelo governo que já estão em curso, como os investimentos em infraestrutura e logística, no programa “Minha Casa, Minha Vida”, no pré-sal, além da Copa do Mundo em 2014, as Olimpíadas em 2016 e o Trem de Alta Velocidade. “O ciclo de crescimento puxado pelos investimentos já é praticamente uma realidade”, disse o ministro.

Mantega também afirmou que o papel do mercado de capitais no financiamento desses investimentos é importante, destacou que a Bolsa brasileira foi a que mais subiu este ano e reafirmou a necessidade de se evitar uma bolha no mercado acionário, garantido que este tenha crescimento sustentado.