PIB

Mantega admite dificuldade para crescer 4% neste ano

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta terça-feira (10) que “ficou difícil” alcançar a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2009, de 4%. No entanto, ele afirmou que o governo continuará a adotar as medidas necessárias para que a economia tenha um melhor resultado possível e para que o Brasil possa sair da crise mais rápido do que outras economias. É difícil fazer uma previsão do PIB nesse momento porque, segundo ele, há uma grande volatilidade.

O ministro disse que o desempenho da economia no primeiro trimestre de 2009 será melhor que no quarto trimestre de 2008, “o que nos deixa distantes de um possível problema de déficit técnico”, disse. “Em 2009 a economia brasileira deve ter um crescimento positivo. Mesmo os mais pessimistas falam em crescimento de 1% a 1,5%”, afirmou. “A tendência é de que não haverá recessão técnica no primeiro trimestre.” Segundo ele, há sinais na economia brasileira mais positivos que contribuem para essa avaliação.

Mantega insistiu que o PIB brasileiro em 2009 será positivo, com um dos melhores resultados em relação ao desempenho de outros países. O ministro disse que a sua avaliação é de que o primeiro semestre de 2009 será de uma economia moderada. Para o segundo semestre, Mantega disse que deve haver uma aceleração da economia brasileira em razão dos efeitos das medidas adotadas pelo governo.

Mantega lembrou que continua o problema da escassez de crédito e do custo elevado do dinheiro. “Esse é o nosso maior desafio pela frente”, afirmou em entrevista à imprensa para comentar o resultado do PIB do quarto trimestre de 2008. O PIB, conjunto das riquezas produzidas pelo País, caiu 3,6% no último trimestre em relação ao terceiro trimestre; em todo o ano, a economia brasileira registrou expansão de 5,1%.

Em relação ao comércio internacional, Mantega disse que o cenário continua ruim, mas acredita que se houver medidas no exterior, como nos EUA e na União Europeia, que possam reverter este quadro negativo, o Brasil também poderá recuperar as perdas no mercado externo. Ele lembrou que a economia brasileira sofreu um choque no último quadrimestre e passou a depender mais do mercado interno, que continua funcionando plenamente.

Segundo ele, já está havendo uma recomposição da produção em alguns setores voltada para o mercado interno. Mantega comentou que houve uma queda na demanda do consumo doméstico porque ocorreram problemas no financiamento, num primeiro momento, e depois porque parte dos consumidores ficou mais prudente.

O ministro lembrou que a redução da alíquota do IPI para automóveis reaqueceu este mercado e que do ponto de vista do consumo interno as vendas de automóveis estão parecidas com o que estava antes. Além disso, segundo Mantega, parte do consumo estava sendo atendida pelas importações. Segundo ele, as importações já estão caindo mais do que as exportações. Mantega afirmou que o consumo está sofrendo um rearranjo de padrões. Ainda de acordo com o ministro, as vendas no varejo e nos supermercados mantêm os padrões de consumo.

Construção

Apesar da pressão do setor produtivo, o ministro da Fazenda descartou a adoção de medidas de corte de tributos no pacote habitacional de incentivo à construção civil, que será divulgado pelo governo. Segundo o ministro, as medidas visam a direcionar recursos para subsidiar o comprador final de imóveis.

IOF

Mesmo com a pressão dos bancos, Mantega também descartou nesta terça novas medidas de desoneração do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidente nas operações de crédito. “No momento, não estamos cogitando mudanças no IOF”, disse Mantega.

Ele lembrou que o governo já tomou algumas medidas de corte do IOF nos últimos meses. Nas últimas semanas, dirigentes de instituições financeiras têm destacado a necessidade de uma ampliação do corte de IOF para o aumento das operações de crédito. No ano passado, o governo elevou o IOF para compensar a perda de arrecadação do governo federal com o fim da cobrança da CPMF.

Superávit primário

Mantega afirmou que o governo brasileiro “resistirá” muito a ter que reduzir a meta de superávit primário do setor público deste ano por conta do impacto da crise internacional. O superávit primário é a economia que o governo faz para o pagamento de juros da dívida pública.

Segundo ele, por enquanto, não há necessidade de reduzir a meta de superávit, hoje de 3,8% do PIB. Ele ponderou que o governo tem flexibilidade com relação a meta fiscal por conta do Projeto Piloto de Investimento (PPI) que nunca foi usado e permite que os investimentos feitos em projetos considerados prioritários sejam abatidos da meta de superávit.

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